11/02/2004 - 8:00
Elegância. No dicionário a palavra é descrita como sinônimo de bom gosto no trajar. No mundo da moda masculina poderia ser traduzida por Arturo Minelli. É o nome do alfaiate que moldou um estilo clássico adotado por grande parte do PIB brasileiro. Pelas fitas métricas deste napolitano de 75 anos passam nomes como Lázaro Brandão, presidente do conselho do Bradesco, Aloízio Faria, dono do Banco Alfa, Carlos Jereissati, do grupo La Fonte, e outras dezenas de personalidades do mundo empresarial. A rica clientela lhe rendeu o apelido de alfaiate do poder. ?Quem dá valor a um bom terno deve comprar excelentes trajes?, diz Arturo, com um forte sotaque italiano. Apesar de carregar a tradição de uma família de alfaiates, Arturo vive se reinventando. A última novidade foi trazer para as prateleiras da loja, em São Paulo, produtos de marcas consagradas como gravatas Brione e Valentino, sapatos Tanino Crisci e bermudas Vilebrequin, febre no verão europeu.
O gosto pela moda corre nas veias dos Minelli. A família, vinda de Nápoles há mais de 50 anos, sempre trabalhou com estilo. Salvatore, o pai de Arturo, foi o primeiro a fazer do clã uma autoridade na arte da alfaiataria. Instalado numa casa na rua Barão de Itapetininga, no centro de São Paulo, ele construiu uma fama inabalável. ?Tínhamos um cliente que fazia tantos ternos que pagou com um Ford 1956 zero quilômetro?, relembra Arturo. Os Minelli chegaram a ter 18 lojas, mas, devido a divergências familiares, a sociedade foi desmembrada em 1993. Como Arturo não queria parar de trabalhar, abriu a grife que leva o seu nome com o filho Ricardo, um engenheiro com MBA em Fashion Management pela Universidade Bocconi, de Milão, e ex-comandante da Daslu Homem. Com sua experiência, Ricardo transformou a marca
em uma espécie de mini Daslu do mundo masculino, na qual
cada terno chega a custar, em média, R$ 4 mil.
Uma das tacadas mais inteligentes foi montar uma linha de roupas prontas como camisas, jaquetas, calças e outros acessórios com o nome da grife. ?Nossos fornecedores são os mesmos que fazem as roupas da Armani ou Zegna?, diz Ricardo. Os clientes aplaudem as novidades. O que mais chama atenção, contudo, e talvez esse seja o segredo, é o atendimento exclusivo no endereço paulistano da grife. ?Ir à loja de Arturo é como encontrar um velho amigo?, diz Eduardo Jardim, advogado especializado em direito tributário. ?Tenho mais de duas dezenas de ternos assinados por ele.? Para quem não possui muitos costumes, o mestre da elegância dá algumas dicas. A primeira é escolher os clássicos. ?Eles servem para todas as ocasiões?, diz Arturo. A segunda, e uma das mais importantes, é adotar tecidos
mais leves. ?O Brasil é um país quente e o ideal é usar roupas sem forro.? São segredos de quem soube correr à margem das passarelas oficiais com cortes exclusivos.