Anote esse nome: Takashi Murakami. Ele é o Andy Warhol do Japão. Tem 41 anos. Refaz a trajetória cultural do artista plástico americano que misturou consumo com arte nos anos 60 e 70. Murakami é cartunista, desenhista e pintor. Transformou-se no grande nome do pop no Oriente. Cores e animação inspirados em personagens infanto-juvenis, os ?mangas? japoneses, dão o tom de seu trabalho. Camisetas, relógios e badulaques ostentam o traço brincalhão de Murakami. Confinado às fronteiras asiáticas, vivia uma fama modesta até ser descoberto, no ano passado, por Marc Jacobs, estilista da Louis Vuitton, ícone da moda de luxo.

Contratado para redesenhar uma linha de produtos da LV, trocou os tradicionais e sisudos marrom e bege por 33 novas tonalidades de cores nas bolsas. Deu-se a mágica: as mulheres antenadas com a nata do estilo enlouqueceram. De Nova York a Paris, de Tóquio a Sydney, e também em São Paulo, formaram-se filas de procura pelo fetiche com jeito de Pokémon. No Brasil, as mais requisitadas foram as quatro bolsas da série Eye, que dá destaque aos ?olhos de Murakami?, de traços evidentemente orientais.
Há 200 compradoras à espera do produto
na loja da rua Haddock Lobo, na região nobre dos Jardins. O modelo ?Eye Love You? (R$ 8.650) esgotou em menos de um mês. É relativamente barata em relação à ?Dare You?, vendida a R$ 16.800. Ok, ok. Caro demais? Há a Mini HL, de R$ 1.450. Prolífico, Murakami desenhou também presilhas e relógios. O ?Tambour Love Monogram? saiu com uma edição limitada de 500 exemplares, cravejado de 11 pedras preciosas: duas esmeraldas, um rubi, sete safiras e um diamante. O número 5 do mostrador cedeu lugar para a ?LV Hand?, uma personagem jovial e multicolorida. O preço estimado no Brasil: R$ 28.900. ?Murakami é um artista maravilhoso?, diz Jacobs. ?Estou orgulhoso pela oportunidade de colaborar com ele num projeto fundamental para a LV.? Não há dúvidas. O japonês revolucionou a marca francesa.

Não é exagero tratá-lo como um Andy Warhol do século 21. Com formação tradicional de pintura japonesa, Murakami abandonou o estilo clássico do século 19 pelo ar moderno depois da morte do iconoclasta americano, em 1987. Percebeu naquele momento uma oportunidade de construir arte em cima do cotidiano. ?O Japão é um país que não faz distinção de cultura e subcultura?, diz. Ancorado nesse raciocínio, fez da LV o que Warhol fizera ao transformar as latas de sopa Campbell?s em telas. As bolsas são apenas a vitrine de um fenômeno. Depois da explosão nas butiques, ele já vendeu painéis em Londres por US$ 800 mil. Expôs em Nova York e no museu de arte contemporânea de Tóquio. ?Depois de minha morte quero ser um artista respeitado como Warhol?, diz Murakami. Se depender das mulheres com seus trabalhos a tiracolo, é o que acontecerá.