Em 1973, foi fundado o Instituto Industrial de Pesquisa de Tecnologia de Taiwan (ITRI), visando incentivar a produção e pesquisa de tecnologia proprietária do país. O projeto teve forte apoio dos EUA e fez com que hoje o local seja um dos principais hubs de tecnologia e semicondutores do mundo. A Acer é parte desse movimento. Fundada em 1976 como Multitech (virou Acer em 1987), com um capital de apenas US$ 25 mil, a empresa alcançou valor de mercado de US$ 76 bilhões e faturamento de cerca de US$ 9 bilhões em 2022. No Brasil, a história começou no mesmo ano de sua fundação e durou até 1997. Retornou em 2009. Desde então, o País passou a crescer na agenda da companhia, apesar de ainda contribuir com R$ 3 bilhões — cerca de 15% das receitas globalmente. Representando uma linha extensa de produtos e a liderança no segmento de notebooks gamers, o ano passado não foi dos melhores, com uma queda de 13,6% nas receitas globais. “Nós queremos nos recuperar e esperamos voltar a crescer até o fim de 2023”, disse à DINHEIRO Alexandre Gerardo, diretor-geral da Acer no Brasil.

Para o comandante brasileiro da taiwanesa, os resultados mostram as consequências da crise da cadeia de suprimentos, principalmente da falta de semicondutores no mercado global. Já em janeiro, a empresa divulgou faturamento global de US$ 450 milhões, valor 45,8% menor que no ano anterior, quando a empresa atingiu receita de US$ 830 milhões. Conforme o relatório, a empresa entende que a indústria de computadores ainda passa por ajustes. Fato que é confirmado pela Associação da Indústria de Semicondutores (SIA), que diz em relatório que, durante a pandemia, a indústria teve demanda ao menos 80% maior do que nos anos anteriores, mas que neste ano, a indústria está mais preparada e deve servir ao mercado. Com isso, a Acer acredita que as novas tecnologias e tendências devem aquecer o segmento gradualmente.

Diferentemente do restante do setor, a empresa não realizou demissões em massa e, segundo Gerardo, conseguiu manter seu quadro relativamente intacto. “Não fizemos nenhuma adaptação nesse ponto e não temos planos”, afirmou. Por ter uma equipe enxuta para uma operação tão grande, a empresa conseguiu manter os 80 funcionários sem fazer os famosos layoffs, com redução de custos e foco em produtividade. “A demissão não é a resposta para tudo. A redução de custos de produção traz muito mais resultado”, disse. A Acer realiza há um ano o trabalho de otimização de produção e de processos para atingir o objetivo de voltar a crescer até o fim de 2023.

Para remediar momentos como esse, a empresa foca em produzir localmente sua linha de produtos, que já corresponde a 95% do total em manufatura nas fábricas brasileiras, sendo que a mais nova linha gamer da marca, a Predator Triton, também terá produção nacional, aumentando o portfólio no País. “Tropicalizar os produtos é um ganho para nós pela redução de custos e para o cliente, que ganha um notebook que atende suas necessidades”, disse. Líder no segmento gamer com a linha Predator, oferece uma carteira com preços que vão de R$ 4,5 mil a R$ 10 mil, oferecendo performance nos games para públicos diferentes.

A Acer entrou no mundo dos games há oito anos e busca escutar o cenário acima de tudo. “Eu acho que o segredo é escutar esse público sobre o que eles precisam, principalmente na questão de desempenho”, afirmou. Segundo Gerardo, com o desconhecimento do usuário em montar sua própria máquina, muitos recorrem a empresas como a Acer pela confiabilidade, facilidade e garantia. Além disso, diferentemente das workstations e gabinetes, os notebooks ocupam pouco espaço e são móveis, ideais para os jogadores, que podem estudar ou trabalhar, sem a necessidade de compra de um produto adicional.

Uma nova aposta também tem sido a linha Vero, composta por notebooks e monitores verdes, feitos com 30% de plástico PCR (pós-consumo) no chassi e na moldura da tela e 50% nas capas do teclado. Para o Vero, o foco é principalmente no B2B, que segundo Gerardo, têm pedido mais por esse tipo de produto. “As empresas estão muito mais preocupadas com ESG, seja com a neutralização de suas emissões ou em utilizar produtos sustentáveis”. Com os novos projetos, a companhia deve buscar o retorno de seu crescimento e continuar a ser um player significativo no País.