Um dos principais interlocutores brasileiros com investidores chineses, Eduardo Centola, sócio do Banco Modal, vê o aumento do apetite chinês no Brasil não só em infraestrutura, mas em outros setores considerados estratégicos, como telecomunicações e saúde. Centola diz que os investimentos anunciados por grupos asiáticos podem atingir até R$ 50 bilhões este ano.

A turbulência em Brasília não está afugentando os chineses do País?

O apetite chinês vem aumentando nos últimos anos e não deve parar. Em 2014, os investimentos anunciados foram de R$ 6,5 bilhões e saltaram para R$ 30 bilhões no ano seguinte. Em 2016, foi a R$ 40 bilhões. Minha estimativa é de R$ 50 bilhões para este ano.

Infraestrutura ainda é o principal destino do investidor chinês no Brasil?

Os chineses já fizeram muito investimento no setor elétrico. Hoje, vejo uma diversificação, como em operações financeiras, telecomunicações e saúde. As diretrizes do governo chinês mudaram. Havia uma preocupação com a segurança alimentar e boa parte dos investimentos ia nesta direção. Agora, eles querem se internacionalizar em diversos setores.

O Banco Modal tem feito assessoria a importantes grupos chineses. Como começou essa relação?

Em 2012, quando entrei no Modal, eu já tinha uma ampla experiência com investidores chineses (Centola assessorou a gigante State Grid a entrar no Brasil). Em 2014, o banco fez uma joint-venture e criou a MDC para investir em projetos de infraestrutura em estágio inicial com chineses. Desde o ano passado, fazemos assessoria para a CCCC (China Communications Construction Company), que comprou 80% da construtora Concremat e que também está investindo pesado no porto de São Luís (MA).

O sr. acredita que o cenário econômico pode se complicar com a atual crise política?

Tenho uma visão otimista em relação à economia. Acredito que a crise política se descolou da economia. A combinação positiva da queda da taxa de juros e da inflação atrairá mais investimentos diretos estrangeiros ao País. É preciso, contudo, resolver as questões estruturais, como a aprovação das reformas.

Como vê o cenário eleitoral em 2018?

Não sei dizer. Independentemente de quem assuma a liderança, é preciso seguir com as reformas necessárias para o Brasil. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.U