07/09/2005 - 7:00
Um velho clichê dos esportes, adaptado ao mundo dos negócios, diz que chegar à liderança pode até ser fácil. Difícil é manter-se por cima. Maior banco de investimento do Brasil, o Credit Suisse First Boston está prestes a ter sua liderança desafiada. Com a redescoberta do mercado brasileiro pela nata do investment banking internacional, seu lugar no topo do ranking do setor tornou-se alvo da cobiça de pesos pesados. A aguardada compra do banco brasileiro Pactual pela americana Goldman Sachs deve ser concretizada até o fim do mês, criando um gigante de US$ 2 bilhões. O Citigroup, por sua vez, anunciou na terça-feira 30 que está ?roubando? o próprio presidente da Goldman no Brasil, Ricardo Lacerda, para turbinar seu banco de investimento. Ao mesmo tempo, o suíço UBS prepara-se para injetar US$ 27 milhões em sua divisão brasileira até o final de 2006. Ele mesmo perdeu três altos executivos para o brasileiro Itaú-BBA, que está reforçando suas atividades no mercado de capitais e na assessoria a fusões e aquisições. ?Estamos atentos a esta movimentação toda e não vamos facilitar a vida de ninguém?, afirma José Olympio Pereira, diretor de investment banking do Credit Suisse no Brasil. ?Vai ser muito difícil para a concorrência estabelecer aqui uma plataforma que ofereça a gama de produtos e a qualidade de serviços que oferecemos aos nossos clientes?, desafia.
Desde 2004, o primeiro ano sob o comando de sua nova cúpula brasileira, o CSFB vem reforçando suas defesas e ganhando terreno em segmentos vitais do mercado. Sob o comando de Antonio Quintella, os negócios do banco como um todo
dobraram no último ano e a área de investment banking deu um salto. No
mercado acionário, em especial, o Credit ultrapassou o Pactual e hoje lidera o
ramo de emissão de ações no Brasil. Foi responsável por 50,4% das transações efetuadas entre janeiro e agosto, o que inclui as aberturas de capital de Renner, Localiza e Submarino, além de emissões importantes da AES Tietê e do Unibanco. Bastou esta arrancada para ressuscitar no mercado a mística do velho Garantia, banco de investimentos criado por Jorge Paulo Lemann e adquirido em 1998 pelo CSFB por mais de US$ 700 milhões.
Como todo o restante do mercado, o Credit andou devagar nos últimos sete ou oito anos. ?Foi um período negro para os bancos de investimento?, classifica Pereira, referindo-se à sucessão de crises, na Ásia, Rússia, Brasil e Argentina. Muita gente grande do mercado, de Bear Sterns a Lehman Brothers, saiu do Brasil. O Credit optou por ficar, mas tirou o pé do acelerador. ?Durante anos, o banco era uma Ferrari a 80 km/h?, diz o executivo. A partir de 2003, com a melhoria dos indicadores econômicos e passado o susto com a eleição do PT, o interesse pelo mercado acionário brasileiro voltou. Em 2003, o volume de emissões de ações chegou a R$ 2,2 bilhões. Em 2004, com sete aberturas de capital, este número saltou para R$ 9,5 bilhões. Neste ano, o mercado segue na mesma toada: R$ 5,6 bilhões em ofertas de ações até o fim de agosto ? 107% mais do que no mesmo período de 2004. A Ferrari, naturalmente, acelerou. Mas trouxe em seu vácuo toda a concorrência. ![]()
Movimentos da concorrência
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