29/12/2014 - 14:00
Imaginar o futuro deve ser um dos hobbies mais antigos da humanidade. Milhares de filmes, livros e desenhos apresentam robôs, teletransporte, cidades flutuantes, carros voadores totalmente conectados e outros produtos com os quais as futuras gerações deverão conviver. O filme De volta para o futuro 2, gravado em 1989, leva os personagens para 2015, ano em que muitas dessas inovações tecnológicas estão à disposição da população. Nem tudo estará pronto neste ano, mas já podemos começar a nos acostumar com a era da conectividade onipresente nos automóveis.
Essa nova tendência mudará as noções básicas sobre mobilidade e revolucionará o modo como pensamos e usamos os carros. Um automóvel não será mais um simples meio transporte. Ele representará um centro de controle para as nossas vidas em movimento. Em razão do avanço da tecnologia, o setor automotivo está no centro de uma grande transformação. Para as montadoras, as oportunidades se encontram nos novos mercados – afinal, as economias maduras estão cada vez mais saturadas. A história mostra que, quando as pessoas conseguem ascender à classe média, elas vão às compras para adquirir novos produtos.
E o carro é um dos principais objetos de desejo. Na China, na Índia e na África subsaariana, milhões, se não forem bilhões, de novos compradores estão alcançando esse novo patamar social. Mas isso não significa que as montadoras podem ficar presas aos modelos do passado. Assim que esses novos compradores estiverem prontos para gastar, eles vão buscar por novidades tecnológicas. Outro fator que devemos presenciar em um curto espaço de tempo é a tendência de abrir mão de ter um segundo carro, principalmente nos mercados desenvolvidos.
Gastar cerca de R$ 30 mil em um modelo popular (um ativo que começa a se desvalorizar já no momento em que é retirado da concessionária) não é a decisão econômica mais racional. Além disso, a possibilidade de irmãos, pais e filhos dividirem um único automóvel cria oportunidades de crescimento para empresas que prestam serviços de mobilidade. Diante desse cenário, as montadoras encaram a possibilidade de uma mudança rápida na estrutura do setor automotivo. O design e a fabricação de novos modelos são tarefas cada vez mais complexas e dispendiosas para serem assumidas por uma única empresa.
No futuro, a potência do motor deverá ter menos importância que o poder de processamento de dados e a conexão entre serviços. As empresas que irão se destacar serão mais ágeis, orientadas para o futuro e preparadas para investir em novas tecnologias, novos talentos e novas alianças estratégicas. A confluência desses fatores mudará o modo como as montadoras veem o desenvolvimento de seus produtos, os modelos convencionais de cadeias de suprimentos, seus modelos de serviços e vendas a clientes e, até mesmo, suas estruturas organizacionais.
É por esse motivo que as empresas que não dominarem as novidades tecnológicas perderão espaço no mercado. Alguns carros atuais de alto padrão já possuem mais linhas de código do que alguns jatos de última geração. Essa complexidade está causando danos nos custos de produção e nos lançamentos de novos produtos. Os recalls de veículos são recorde e os clientes estão reclamando com veemência sobre o design e a usabilidade do sistema de informação e entretenimento dos veículos. O valor percebido pelo consumidor de um carro estará cada vez mais dependente de softwares e equipamentos eletrônicos.