O Brasil tinha 45 milhões de pessoas desbancarizadas que movimentavam, em dinheiro vivo, R$ 800 bilhões por ano, segundo dados referentes a 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para o CEO da Acesso Soluções Digitais, Davi Holanda, o auxílio emergencial pode ser um caminho para mudar este cenário.

“O auxílio emergencial pode ajudar no processo de inclusão das pessoas no sistema bancário. A pandemia forçou uma digitalização no mundo todo”, diz Holanda, que participou hoje (17) da live da IstoÉ Dinheiro.

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No entanto, o executivo pontua que esse processo poderia ter sido mais estruturado. “O aplicativo para acessar o auxílio poderia ser mais inclusivo. Acredito que o projeto vai ajudar nesse movimento, mas pode deixar algumas cicatrizes nestas pessoas que não usavam a tecnologia”, alerta.

Holanda ressalta que a usabilidade, com um acesso mais simples e tecnologia nativa, seria o principal ponto a ser melhorado. “Entendo que isso foi feito da noite para o dia e acredito que o governo fez o melhor, mas há pontos que precisavam de atenção. Acho que essa população pode querer experimentar agora os bancos digitais e usabilidade pode fazer a diferença”.

Cartões pré-pagos

A Acesso, uma das principais empresas no mercado de cartões pré-pagos no Brasil, lançou no início da pandemia o Acesso Bank, uma conta digital com cartão de crédito pré-pago. A empresa já tem 50 mil contas abertas e registra uma média de 800 contas novas por dia.

“Recebemos um alto fluxo de transferência do auxílio. A modalidade teve uma alta aceitação já que o cartão de crédito pode ser utilizado em aplicativos como iFood, Uber, 99 e Netflix. Além disso, percebemos que as pessoas gostam porque gastam apenas o que tem na conta, sem trazer um nível de endividamento”, afirma Holanda.

O CEO destaca que a maior variedade de bancos, com o crescimento dos bancos digitais, também é importante para o acesso da população ao sistema financeiro. “Vejo que a maior mudança dos últimos tempos é ter mais opções de produtos. Antigamente, só tinha contas com pacotes fechados, mesmo que você não usasse aqueles serviços”, explica.

A Acesso não cobra tarifas para manutenção da conta, apenas os saques têm uma taxa de R$ 6,90. A empresa monetiza com um percentual nas transações financeiras realizadas com cartão.

Até agosto deste ano, a companhia movimentou R$ 220 milhões em transações. “Temos dois pilares de negócios: de interface, com o Meu Acesso (cartão pré-pago) e Acesso Bank, e de infraestrutura com o nosso open bank, o Bankly”.

PIX

Holanda acredita que o PIX, sistema lançado pelo Banco Central, também contribuirá para a bancarização e pode mudar as relações comerciais do País. “As transações serão muito mais práticas e vejo uma diminuição de receita no uso dos cartões nas maquininhas. Com o PIX será possível pagar apenas com o QRCode.”

“Para nós, afeta ainda na questão do open bank porque podemos ajudar na infraestrutura das empresas que desejarem aderir ao programa. Com isso, esperamos crescer 50% em volume, na comparação com 2019. Estamos saindo muito mais fortes para esse pós-pandemia”, finaliza. Assista a entrevista na íntegra no vídeo acima ou nas redes sociais da IstoÉ Dinheiro.