14/04/2004 - 7:00
Em dezembro deste ano o Boeing 737-300 presidencial, o famoso Sucatão, vai se aposentar. Depois de 30 anos na ativa, dará lugar ao Airbus Corporate Jetliner (ACJ), avião executivo fabricado pelo consórcio europeu. O governo brasileiro pagou US$ 52,4 milhões para tê-lo no hangar. O negócio gerou polêmica e criou uma celeuma para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De todos os lados vieram ironias sobre o uso do dinheiro público, com gastos supostamente supérfluos em um País com imensa desigualdade social. O barulho passou. O jato, jocosamente chamado de ?AeroLula?, vai decolar. DINHEIRO convidou três dos mais conceituados arquitetos de interiores para remodelar o espaço interno da aeronave. Sig Bergamin, Bya Barros e João Armentano criaram espaços para o comandante do País descansar e trabalhar a bordo com sua comitiva. É uma espécie de Casa Cor em céu de brigadeiro.
A divisão e a decoração do espaço interno das aeronaves, sinônimo de conforto, é hoje preocupação central da indústria da aviação. A Air France, por exemplo, acaba de remodelar a sua primeira classe fazendo com que as poltronas reclinem a 180°. A TAM fez o mesmo com os assentos da classe executiva. Em um avião particular o cuidado com o desenho é fundamental. Pensando nisso, João Armentano optou por dar um ar mais leve para a decoração. Ele esboçou uma sala de estar e a suíte presidencial. O projeto foge do convencional visto em quase todos os jatos particulares. ?Procurei criar um clima que se pareça com um lar?, diz Armentano. Os móveis sisudos deram espaço para sofás e mesas mais descontraídas. Mas nada extravagante. ?O projeto tem de ser atual e, ao mesmo tempo, estar na moda nos próximos 30 anos?, diz ele.
Para criar um tom mais brasileiro, a arquiteta Bya Barros, que já projetou 14 aeronaves de milionários, preferiu personalizar as almofadas, com a estampa da bandeira do Brasil. Quanto ao espaço interno, ela rascunhou uma sala de reunião na qual a mesa pode ser abaixada ficando no mesmo nível das poltronas. Desta forma, é possível colocar um colchão sobre o espaço transformando os assentos em cama. As cores adotadas foram as neutras: caramelo, bege e tons mais claros. ?Tem de ser um lugar tranqüilo onde o presidente Lula possa relaxar?, diz Bya Barros. O relaxamento é
chave também no trabalho de Sig Bergamin. No escritório, ele
adotou móveis com rádica e, na sala de estar, criou um espaço informal. Para evitar frieza exagerada, e dar ao AeroLula a cara do País, Bergamin tem uma sugestão: ?Colocaria quadros de pintores brasileiros nas paredes da aeronave.?