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O Bispo Edir Macedo, da Igreja Universal do Reino de Deus, virou banqueiro. Pequeno, mas promissor. O grupo de comunicações Record, controlado pelo religioso, anunciou no dia 23 a compra de 40% da Renner Participações, holding gaúcha cujo único ativo é o pequeno Banco Renner. O valor do negócio não foi revelado, mas, como o banco tinha um patrimônio de R$ 64 milhões no fechamento do primeiro semestre, o investimento deve ultrapassar os R$ 25 milhões. É um valor miúdo para quem, apenas com a televisão e outros veículos de comunicação, fatura cerca de R$ 3 bilhões anuais. Mas é um grande negócio para a família Renner, que se desfez das lojas de varejo há mais de dez anos e, agora, volta a ter acesso a um público de massa: os oito milhões de fiéis da Universal.

Macedo não é o primeiro empresário da comunicação a se aventurar no mercado financeiro brasileiro. Roberto Marinho, da Rede Globo, foi sócio do Banco ABC Roma durante anos. E Silvio Santos, do Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), é dono do Banco Panamericano. Nenhum dos dois tinha a vantagem competitiva da igreja, o dízimo dos seguidores, espécie de funding a custo zero. Corre no mercado financeiro a anedota de que a única empresa que faz um IPO por semana é a Universal. Obviamente, isso não garante dinheiro de graça para o Banco Renner, que tem apenas 800 clientes aplicadores e R$ 170 milhões em depósitos a prazo. Mas o network popular do novo acionista pode atrair milhões de pequenos depositantes e tomadores de empréstimos, reforçando o caixa da instituição.

No curto prazo, o objetivo não é esse, diz o diretor comercial do banco, Igor Bucker. “Não é nossa intenção entrar no varejo, por enquanto. O foco é fazer capital de giro e operações de desconto de duplicata com as cinco mil empresas fornecedoras da Record. Para nós, a empresa sacada é risco zero”, afirma o executivo. Uma coisa, no entanto, leva à outra. “Já estamos fazendo operações de crédito consignado com os dez mil funcionários do grupo.” A ideia inicial é triplicar a carteira de financiamentos, para R$ 600 milhões, em três anos.

Hoje, o forte do banco são as operações de financiamento de veículos no Rio Grande do Sul. Sem poder de competição com os grandes bancos nesse mercado, como Santander, Bradesco e Banco do Brasil, o Renner estava definhando. A rentabilidade média do patrimônio líquido ficou em 6,95% ao ano nos últimos cinco anos, um terço da média do setor. Macedo, que terá direito a um diretor no banco (a gestão permanece na família Renner), certamente irá pressionar pela elevação dos lucros. Que virão. “O banco é um bom negócio quando bem administrado”, afirma Bucker. É mesmo.