A temporada de Luiz César Fernandes como ex-banqueiro durou apenas três anos. O fundador do Banco Pactual voltará ao mercado nas próximas semanas à frente de uma nova instituição financeira. Trata-se, mais uma vez, de um banco de investimento e será batizado de Invixx ? nome inventado pelo próprio Luiz César e que, em sua opinião, sugere imodestamente invencibilidade. Luiz César terá dois sócios. Um é o diplomata Jório Dauster, ex-presidente da Vale do Rio Doce, e o outro, o argentino André Baresi. A idéia inicial era abrir um fundo de private equity, do tipo que compra parcelas em empresas para revendê-las anos mais tarde com altos lucros. A ambição dos sócios, porém, falou mais alto e o fundo acabou se tornando apenas um de três negócios que o Invixx deverá explorar. Os outros dois são fusões e aquisições entre empresas e o lançamento e gestão de fundos de capital de risco para o setor de tecnologia.

O novo banco nada tem a ver com a CL Convergence, empresa que Luiz César mantém em Petrópolis desde fevereiro do ano passado, em parceria com o banco Crédit Lyonnais e o consultor Antoninho Marmo Trevisan. ?A CL é mais uma consultoria que uma instituição financeira. E é só do Luiz César, não do banco?, ressalta Dauster. Foi na CL Convergence, porém, que o banqueiro aprendeu a fazer negócios no escorregadio ambiente da Nova Economia. Antes dela, dizia entender pouco do setor, embora se orgulhasse de ser um conhecedor privilegiado do mundo das empresas e das finanças. Hoje é diferente. Luiz César ganhou um prêmio internacional com um projeto na Nova Economia, o Taho.

Ex-Midas. A estrutura de alta tecnologia que atende a CL Convergence, na fazenda onde mora Luiz César, abrigará os sistemas do Invixx, mas as coincidências devem parar aí. A sede do banco será na cidade grande, no Rio. Seu portfólio incluirá produtos bancários tradicionais, como o câmbio. A gestão de fundos de renda fixa e ações virá, mas em uma segunda fase. ?Ainda não temos estrutura de distribuição?, explica Dauster.

De início, o principal apelo do banco será o currículo dos fundadores. Luiz César foi figura de proa da geração de bancos de investimento dos anos 90. Chegou a ter fama de Midas ao reestruturar empresas complicadas, como Lacta e Mesbla, e ganhar dinheiro com isso. Em outras ocasiões, não foi tão bem. Investimentos pessoais em Benetton e Teba terminaram em fracassos. A trajetória de Dauster é diferente. Ele ganhou fama ao comandar a política externa brasileira para o café. Sua única experiência em empresas foi a presidência da Vale, onde ficou por dois anos e administrou conflitos permanentes entre os controladores. De comum entre ele e Luiz César, só a vontade de ganhar dinheiro no mercado.