16/01/2015 - 10:15
A vida do barão francês Phillipe de Nicolay Rothschild, 57 anos, renderia histórias para um bom livro – de romance ou de negócios. Durante a infância, conviveu com celebridades como Salvador Dalí e Maria Callas, amigos próximos de sua mãe, a socialite parisiense Marie-Hélène de Rothschild. Além disso, sua família controla um império, há cerca de 160 anos, que vai de bancos a vinícolas. Viajante compulsivo, Rothschild visitou, em 2006, a praia de Trancoso, na Bahia, onde decidiu construir uma casa de veraneio.
Em uma de suas vindas, conheceu a socialite paulistana Cris Lotaif, com quem se casou no ano passado. Atualmente, o casal vive numa mansão no bairro do Morumbi, em São Paulo – metrópole que o inspirou a criar, em 2013, um novo negócio: a importadora de vinhos PNR Import. A empresa nasceu da indignação de Rothschild em relação aos preços estratosféricos da bebida no Brasil. “Eu tinha noção de quanto deveria custar, porque sei por quanto minha família vende as bebidas”, diz. “O vendedor estava aplicando margens de lucro esdrúxulas sem saber quem eu era.”
Inicialmente, a PNR Import priorizará os vinhos de sua família, produzidos nos castelos de Mouton Rothschild e Lafite, em Bordeaux, na França. O objetivo de Rotschild é vender rótulos tradicionais, com quase dois séculos de história, a preços acessíveis. “Vi lojas trabalhando com 100% de margem, contra 30% da PNR Import”, diz Rotschild. O empresário acredita que esse é o diferencial de seu negócio e a razão pela qual conquistou clientes importantes, como a rede de supermercados premium St Marche, o restaurante de alta gastronomia D.O.M., do chef Alex Atala, e a rede de empórios carioca Bergut.
A companhia deve fechar 2015, segundo o executivo, com 35 mil garrafas vendidas. “Não estamos preocupados com a quantidade, e, sim, com a qualidade”, diz. O mercado de vinhos no País, entretanto, tem um longo caminho a percorrer. Após quase uma década de crescimento constante, o setor está se recuperando do susto causado pela inesperada queda de 5%, em 2012. O consumo da bebida apenas retomou o crescimento no ano passado, alcançando 2% e chegando aos 253 milhões de litros, de acordo com o Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin).
“O alto preço do vinho brasileiro é uma barreira para a popularização do seu consumo”, diz Diego Scottá, vice-presidente da Ibravin. Rotschild, entretanto, está confiante no mercado brasileiro. “Tenho certeza de que trago um custo-benefício alto”, diz o empresário. Os vinhos comercializados pela PNR Import podem variar de R$ 85 a R$ 2,5 mil. A média de preço é de R$ 300. “Estamos oferecendo luxo com acessibilidade”, diz Rothschild. “No ano que vem, nossos vinhos estarão presentes em capitais como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Recife e Brasília.”