Com um contrato com a Petrobras para prestar serviços de lubrificação de equipamentos na refinaria de Camaçari, na Bahia, a Hilub, empresa sediada em São Paulo, tentou durante seis meses contratar um financiamento de capital de giro na rede bancária. Como o negócio não saía, submetido ao tratamento costumeiramente dispensado pela rede bancária às pequenas e médias empresas,  a Hilub resolveu recorrer ao portal Progredir, da Petrobras, de apoio a operações financeiras de seus fornecedores. Resultado: o empréstimo, no valor de R$ 2 milhões, foi liberado em apenas sete dias. E, o melhor de tudo, os juros caíram 40% em relação ao que a empresa vinha negociando diretamente com os bancos. O portal, lançado em junho, já registra 148 operações, com um volume total de R$ 719 milhões concedido pelos seis maiores bancos de varejo do País – Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú, HSBC e Santander. “Sem custo para ninguém, só organizando as informações que já tínhamos, reduzimos o risco para quem vai emprestar e diminuímos até pela metade a taxa de juros paga por nossos parceiros”, disse à DINHEIRO o diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa.

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A Petrobras tem 14 mil fornecedores diretos, mas o programa, que busca fortalecer a cadeia produtiva do setor petroleiro e facilitar o cumprimento de índice de nacionalização superior a 60%, vale também para as mais de 250 mil empresas que vendem para os fornecedores, até o quarto elo da cadeia. Essas companhias, muitas delas de pequeno porte, têm dificuldade de provar para os bancos que têm uma encomenda firme, já que não são contratadas diretamente pela  Petrobras, mas por quem vende ou presta serviços para a estatal.  “É uma excelente maneira de financiar a cadeia produtiva com segurança, já que existe essa garantia da Petrobras”, diz o diretor de Negócios do Poder Público do Bradesco, Renan Mascarenhas Carmo. Até o fim de outubro, 2.331 empresas já haviam se cadastrado e autorizado a Petrobras a disponibilizar seu histórico para os bancos. Lá estão listados também os contratos de fornecimento futuro. Quando a empresa precisa de capital de giro para tocar o contrato, pede propostas aos seis bancos cadastrados. E escolhe o que oferecer a menor taxa de juros. “Existe sempre uma competição entre os bancos, porque todo mundo quer segurar esse cliente”, diz Carmo, do Bradesco. 

 

O banco da Cidade de Deus foi o primeiro a aderir ao programa, ainda na fase de testes, no ano passado, e é responsável por um terço das operações do programa. A carteira tem juros em média 10% a 15% menores que os de outros contratos. Para  facilitar o atendimento dos clientes vinculados à Petrobras,  o  Bradesco criou uma gerência regional, no Rio de Janeiro, e uma mesa de negócios, em São Paulo. A  exemplo da Hilub, a Flexomarine,   que produz mangotes (uma espécie de mangueira que leva o petróleo da plataforma de exploração até o navio petroleiro), usou o Progredir para levantar capital mais barato para atender a uma encomenda recente. Fornecedora da Petrobras há 20 anos, a  indústria  faturou R$ 70 milhões no ano passado e exporta para a  América do Norte, Ásia, África e Europa. Utilizando o portal, reduziu a taxa de juros nas operações de crédito em 23%. “Agora estamos sendo disputados pelos bancos”, afirma João Barbosa,  gerente financeiro da Flexomarine. Esse foi também o caso do grupo Combustol & Metalpó, fabricante de fornos industriais para refinarias e plataformas, de São Paulo,  que tem a Petrobras como seu principal cliente.  

 

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Disputada pelos bancos: O grupo Combustol & Metalpó, de Marli Boldorini, recebeu quatro propostas de crédito

 

Quando colocou seu mais recente contrato com a petroleira no portal, buscando financiamento, a empresa recebeu quatro respostas. “A grande vantagem é essa: você coloca a sua operação e os bancos disputam o cliente”, diz Marli de Lourdes Boldorini, coordenadora de Tesouraria da Combustol & Metalpó. O resultado foi uma redução de 5% nos juros. “Conseguimos tomar os recursos basicamente pelo custo do CDI”, afirma. Essa competição pelo cliente também é  mérito do portal, na avaliação do diretor comercial do Banco do Brasil, Sandro Kohler Marcondes. “A grande vantagem é colocar os bancos em concorrência”, afirma. “As pequenas empresas têm condições de fazer o que as grandes já faziam.”  O aval da Petrobras, que em caso de inadimplência do empréstimo repassa o pagamento devido ao fornecedor pelo contrato diretamente ao banco, dá mais garantias e reduz os juros. O BB já fez 18 operações dentro do Progredir, num total de R$ 160 milhões, com taxa de juros de 10% a 12% menores do que nas operações fora do programa. “Ainda é pouco diante do potencial”, avalia Marcondes. “Temos muito espaço para crescer.”

 

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