O Brazilian Day, que apesar do nome em inglês foi comemorado em Lisboa, no dia 15 de maio, reforçou a importância da comunidade brasileira em Portugal. Cerca de 300 mil brasileiros vivem na antiga metrópole, que hoje sofre os piores efeitos da crise na Europa. Por isso, os executivos de um dos patrocinadores da festa, o Banco do Brasil, tinham mais em vista do que a música, a dança ou a visibilidade de sua logomarca. 

Discretamente, como é regra nas conversas nesse meio, o BB estuda a compra do banco português Banif. Executivos que conhecem bem os bancos lá e cá dizem que o Banif está à venda, que o comprador deve ser um brasileiro e que o BB está na liderança dessa disputa. Procurado, o Banco do Brasil não comentou a notícia. O Banif enviou uma nota à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários de Portugal (CMVM, equivalente à CVM brasileira) informando que “desconhece a existência de qualquer acordo, princípio de entendimento, processo negocial (…) tendente à alienação da sociedade ou de participação relevante no banco”. 

 

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No entanto, enquanto negava formalmente o negócio, o comunicado também informava que “parte da atividade recorrente do Banif é o contato com investidores institucionais para estudar possíveis parcerias.” A situação econômica de Portugal não justifica a compra do Banif – ou de qualquer outro banco. Mesmo assim, quem conhece o setor diz que a transação faz sentido. A primeira justificativa é o preço, pois, devido à crise, os bancos estão muito baratos por lá. A segunda razão é a dinâmica da expansão internacional do BB. Sua meta declarada não é atender clientes estrangeiros, mas servir às maiores comunidades brasileiras no Exterior. 

 

Nesse ponto, a situação portuguesa é uma excelente oportunidade. O Banco do Brasil já atende 25 mil clientes em cinco agências, ao passo que a rede do Banif tinha 360 agências no fim de 2010 e sua base de clientes está estimada em 1,4 milhão de pessoas. Fora de Portugal, o BB acelerou sua expansão na Argentina,  com a compra do Banco Patagonia, em abril do ano passado, por US$ 480 milhões. 

 

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Doze meses depois, o BB faria outro lance, arrematando o americano EuroBank, por US$ 6 milhões. “Essas aquisições fazem parte de um plano estratégico mais amplo”, diz um executivo familiarizado com as negociações. “Além da Argentina e dos Estados Unidos, o BB está de olho em países da América Latina e da África.” Portugal apareceu como uma oportunidade de fazer uma aquisição barata e, ao armar suas caravelas, o BB vai encontrar na pátria-mãe diversos bancos baratos com grande potencial de ser rentabilizados.