05/11/2015 - 18:32
A lógica matemática não tem casado com o marketing e o departamento de vendas das empresas quando o assunto é recrutamento e seleção no Brasil. E na visão dos debatedores do São Paulo Diverso – 2º Fórum de Desenvolvimento Econômico Inclusivo, esse descasamento significa menos dinheiro no caixa.
“Somos hoje mais de 100 milhões de negros e descendentes no Brasil, a maior nação negra fora da África. afirma Mauricio Pestana, secretário da Prefeitura de São Paulo da Promoção da Igualdade Racial, que organizou o encontro desta quinta-feira (5), juntamente com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). “E essa população não está representada nos quadros das empresas.”
Pestana lembra o exemplo do Carrefour no Brasil, que recentemente fez uma pesquisa com seus 72 mil funcionários e com seu público-alvo. O resultado surpreendeu a rede varejista francesa: metade dos seus consumidores eram negros e descendentes E pior: não havia uma equivalência desse público na empresa. A partir daí, o Carrefour começou a contratar mais negros e a trabalhar propaganda e marketing direcionadas a esse público.
A assessora de desenvolvimento social do BID, Judith Morrison, informa que a população negra e mestiça no Brasil consome cerca de R$ 400 bilhões por ano. “É publico que precisa ser atendido corretamente, o que não está ocorrendo no momento, muito ao contrário”.
Segundo ela, o Brasil está atrasado nessa matéria, de diversificação de produtos e serviços aos negros. “Nos Estados Unidos há serviços de tecnologia, como o Twitter, para negros. Linhas de produtos de beleza, de consumo de eletrodomésticos, todos direcionados a essa população”, acrescenta.
Judith, uma mestiça de cabelo crespo, relata que na quarta-feira foi ao cabeleireiro no hotel Holiday Inn, no Anhembi, e pediu que tratassem do seu cabelo, mas com uma condição: não queria alisá-lo. “Fui informada que nada poderiam fazer”, conta ela. A dona do salão, descendente de negros, e seu assistente, branco, não tinham um serviço para me ofertar. “Isto é, estão perdendo dinheiro.”