Há uma nova tendência no mercado imobiliário brasileiro: o lançamento dos chamados apartamentos single, desenhados especialmente para moradores solteiros, descasados ou casais sem filhos, com alto poder aquisitivo. Do total de 48.901 imóveis desse gênero lançados em São Paulo entre janeiro de 2001 e fevereiro de 2003, 3.524 são de alto padrão, localizados em áreas nobres da cidade, como Itaim, Vila Olímpia, Jardins, Morumbi, Moema, Vila Madalena e Brooklin. São imóveis como lofts e apartamentos de um e dois dormitórios que podem variar de 50 a 200 metros quadrados. Nos últimos três anos, o metro quadrado de área útil num bairro como Moema passou de R$ 2 mil para R$ 3,5 mil. O preço médio de apartamentos dessa família é de R$ 202,5 mil. Para locação, os valores giram em torno de 1% do preço da unidade. O valor elevado parece não assustar os consumidores. A imobiliária Abyara, uma das referências no setor, registrou, de 2000 até este ano, aumento de 80% no número de lançamentos desse tipo.

Os apartamentos de solitários estão construídos em prédios de desenho moderno e acabamento de luxo. Funcionam como flats, com grande lote de serviços na área comum. Eles costumam ter piscina, spa, cozinha para amantes da gastronomia, home office e business center. Alguns oferecem gazebos para massagem e meditação e banheira ofurô. Há, ainda, os serviços de arrumação, lavanderia e mesmo de personal trainer. Com isso, o setor imobiliário busca atender uma demanda demográfica: de acordo com o IBGE, o número de domicílios no Brasil com apenas um morador passou de 2.444 em 1991 para 4.085 em 2000.

A nova oferta do mercado imobiliário está concentrada numa parcela dessa população, o público das classes A e B. Elas representam cerca de 70% dos compradores desse tipo de empreendimento. Os 30% restantes são investidores que detectaram na nova tendência do setor uma boa alternativa de aplicação. De 2000 a 2003, os imóveis dessa categoria valorizaram até 75% em bairros nobres da capital paulista. ?Calcula-se que 60% desses imóveis são destinados a investidores?, diz Rogério Santos, diretor de planejamento e marketing da Abyara. ?É um bom negócio e ainda há margem para valorização, especialmente porque o número de terrenos disponíveis nas áreas nobres é cada vez menor, o que encarece o produto?. É um investimento seguro, pois o consumidor-alvo tem alto poder aquisitivo, o que significa baixa inadimplência e facilidade de manutenção do edifício.

O crescimento do setor começou por volta de 1999. Estima-se que haverá lançamentos por pelo menos mais quatro anos. Hoje, a maioria desses empreendimentos está na planta. Ainda há poucos imóveis prontos para morar. Em janeiro deste ano, a taxa de vacância dos lofts em São Paulo foi zero ? ou seja, não havia uma única unidade disponível. ?É um produto de nicho, mas está crescendo. Atualmente, os imóveis para solteiros representam entre 15% e 20% do volume negociado pela empresa, totalizando R$ 1,4 bilhão?, diz Rogério Santos, da Abyara.