Alguns setores econômicos, pelo tamanho da engrenagem de fornecedores envolvidos, pelo peso no PIB e pelo volume de empregos que gera, são determinantes na sinalização da saúde de um país. Dentre eles, a construção civil deve definitivamente ser incluída. No Brasil, em especial, quando ela vai mal a recessão invariavelmente chega a galope. Foi o que ocorreu nos últimos anos e os números divulgados evidenciaram o fenômeno. Da mesma maneira uma resposta positiva da atividade, por menor que seja, é reveladora da volta dos bons tempos.

Nos últimos dias pequenos, mas consistentes, indícios de recomposição do crescimento na área foram notados. O mercado de imóveis residenciais, bem como o daqueles voltados para o comércio e a indústria, recuperou fôlego. A alta na quantidade de apartamentos em construção alcançou a significativa marca de 24,7% no primeiro semestre. E o número de empreendimentos lançados no período superou a casa de 70%, comparado a igual período de 2015. A consequência desse quadro é imediata:aumento nos investimentos, reforço nos segmentos de infraestrutura e abertura de mais linhas de crédito.

Instrumentos que provocam o ciclo virtuoso dos negócios. Como motor de retomada, a construção civil deve receber perto de 
R$ 16 bilhões da Caixa Econômica nos próximos meses em estímulo ao financiamento imobiliário, barateando os empréstimos. É esperado um incremento significativo de candidatos à aquisição da casa própria. E na lei da procura e oferta, rapidamente a construção civil poderá exibir o vigor de antigamente. O governo, da sua parte, estuda revender imóveis pertencentes à União, reforçando assim os investimentos em concessões. Estima que poderá arrecadar algo em torno de R$ 1,5 bilhão no primeiro momento com um lote de prédios e terrenos já identificados.

Um levantamento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias apontou a construção em andamento de 5,7 mil empreendimentos pelo País. Toda essa agitação é decorrente de uma virada de humor dos brasileiros que passaram a acreditar em tempos melhores e se dispuseram a apostar na aquisição ou mesmo no aluguel de unidades antes encalhadas. As ações oficiais têm contribuído para o otimismo. O setor já alardeia que saiu do fundo do poço e os lançamentos seguem a pleno vapor após uma longa temporada de paralisia. Está em curso o que se pode chamar de lento, mas forte, processo de alavancagem da economia.

(Nota publicada na Edição 978 da Revista Dinheiro)