19/08/2009 - 7:00
Bmw x1: carro apresentado em São Paulo, na quartafeira 12, será mostrado no Salão do Automóvel de Frankfurt somente em setembro. Sua fabricação começa em outubro e ele será vendido no País a partir de janeiro de 2010
“Conseguimos preço para brigar com os importados japoneses e coreanos”
Jörg henning Dornbusch, diretor-presidente da BMW
Durante muito tempo, principalmente na década de 90, a montadora alemã BMW era vista com cautela pelos clientes. Ela tinha excelentes produtos, mas não sabia como fazer com que as pessoas voltassem os olhos para eles. Boa parte das atenções ficava com a concorrente, a Audi, que sempre roubava a cena com eventos que ofuscavam a rival.
Nos últimos anos, contudo, a BMW resolveu pisar no acelerador e ganhar mercado de modo agressivo, tocando em dois pontos nevrálgicos para o desempenho de vendas de qualquer empresa: o produto e o preço. “Desde o começo de 2009, trouxemos o Mini Cooper abaixo de R$ 100 mil e lançamos o BMW Série 1 118i por R$ 95 mil”, diz Jörg Henning Dornbusch, diretor-presidente da montadora no Brasil.
“Há um ano estamos desenvolvendo uma estratégia com a sede na Alemanha para trazer produtos com as características do mercado sul-americano.” O resultado é perceptível. Enquanto as vendas mundiais da BMW caíram 5%, em 2008, o Brasil acumulou alta de 13,3%. “O Brasil tem mais potencial de crescimento do que qualquer outro membro dos Brics”, diz Henning.
Justamente por isso, pela primeira vez na história, o País foi escolhido para receber um lançamento mundial. Na última quarta-feira 12, a marca mostrou a um seleto grupo o novo modelo BMW X1, antes de ele ser exposto no Salão de Frankfurt, que acontece em setembro. O carro que desembarcou no Brasil faz parte de uma série de poucas unidades produzidas para testes e apresentações.
Ele só começará a ser fabricado, de fato, em outubro deste ano e começará ser vendido a partir de janeiro de 2010 – o preço ainda não foi definido. “É um carro mais jovem e será o mais acessível da família X”, diz Henning, referindo-se à classe de automóveis utilitários esportivos da montadora, que conta com o X3, X5 e X6, cujos preços são a partir de R$ 214 mil, R$ 265 mil e R$ 328 mil, respectivamente.
“O lançamento de um modelo no Brasil antes do que em qualquer outro lugar no mundo serve para mostrar que o País tornou-se importante para a marca”, diz Julio Moreira, sócio da consultoria Top Brands. Tão importante que até o novo modelo Z4, uma máquina de 207 cavalos de potência e que custa a partir de R$ 217 mil, foi mostrado por aqui antes de debutar na Europa. “Ele só tinha sido apresentado nos EUA”, diz Henning. Essas ações da BMW têm como objetivo ganhar mercado em todos os segmentos, do mais alto luxo até o luxo mais acessível.
A tática de trazer o BMW Série 1 118i custando R$ 95 mil faz parte desse ambicioso plano. “Estamos só com a campanha publicitária no ar, o carro nem chegou ainda e já temos 200 pessoas na fila de espera”, diz Henning.
Para conseguir preços mais baixos, o executivo explica que teve diversas reuniões com revendedores, representantes de outros países na América do Sul e também com a matriz na Alemanha. Eles identificaram acessórios que custavam mais caro e não faziam diferença para o consumidor. Assim, saiu a disqueteira para dar lugar à entrada USB, o teto solar foi deixado de lado e assim por diante.
“Conseguimos preço para brigar com os carros japoneses, coreanos e também com aqueles que são fabricados no México”, diz Henning. Isso tem sido fundamental para os planos de expansão da montadora no Brasil. No ano passado, a marca vendeu 2.956 unidades e espera aumentar as vendas em até 50% neste ano.
“Em julho, já vendemos 114% a mais do que no mesmo período do ano passado e no acumulado de 2009 já apresentamos números 30% superiores aos dos sete primeiros meses de 2008.” O mercado brasileiro é sensível a qualquer tipo de mudança no preço, ainda mais quando os carros em questão são de alto luxo.
Estima-se que uma queda de 10% no valor do produto proporciona 40% a mais em vendas. Prova disso é que, antes de trazer o Série 1 118i a R$ 95 mil, o executivo fez um teste com o modelo Série 1 120i. “Era um carro que custava R$ 118 mil e, no início do ano, baixamos o preço para R$ 107 mil. Vendemos 100 unidades em uma semana”, conta.
Novas ações, diz Henning, estão previstas para outros modelos da marca. Apesar de o executivo negar, DINHEIRO apurou que o próximo automóvel a ficar, digamos assim, mais acessível será o Série 3, um sedan que custa, em média, R$ 130 mil. A ideia seria abaixar o preço para R$ 115 mil e avançar sobre um dos segmentos que mais crescem no País. Os alemães não estão de brincadeira.