Olá, pessoal, tudo bem? Nos últimos dias, diversos indicadores econômicos vieram acima das expectativas dos analistas, sinalizando uma retomada do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) neste segundo semestre. Finalmente estão surgindo boas notícias! É um alívio se lembrarmos que o ano começou num clima recessivo – o Brasil quase encolheu dois trimestres consecutivos.

Tão importante quanto os números positivos é tentar mensurar a velocidade desta recuperação, pois os 12 milhões de desempregados não aguentam mais esperar. Se incluirmos nesta conta os trabalhadores subutilizados (aqueles que gostariam de trabalhar mais horas) e os desalentados (aqueles que desistiram de procurar uma vaga), o montante sobe a incríveis 25 milhões de vítimas da maior recessão da histórica econômica do País.

Sobre a velocidade desta recuperação, há algumas pistas. Estive recentemente em um encontro com a equipe econômica do Banco Itaú, que projeta expansão do PIB de 1% neste ano e de 2,2% em 2020. Como esses números representam a média de crescimento ao longo do ano, há uma ótima notícia escondida neles. Para compensar a retração do PIB nos primeiros meses e gerar uma média anual de 1%, a expansão agora precisa estar necessariamente acima de 1%. Caso contrário, o crescimento seria menor. Dá para calcular esse ritmo?

Sim. A equipe do Itaú, capitaneada pelo ex-diretor do Banco Central, Mario Mesquita, criou um indicador de crescimento subjacente, que agrega dados de emprego formal, confiança dos empresários, crédito para pessoas físicas e jurídicas e produção industrial em diversos setores. O indicador exclui dados voláteis e consegue, assim, mostrar uma tendência da economia. Até junho deste ano, o indicador registrava uma expansão da atividade econômica em torno de 1% ao ano, ou seja, o mesmo Pibinho de 2017 e 2018. Entre julho e agosto, o ritmo aumentou para 1,3%, saltando para 1,8% em setembro, último dado disponível.

O indicador do Itaú constata, portanto, que a economia já está crescendo quase que o dobro do Pibinho médio deste ano e, segundo o economista Mesquita, chegará ao final de 2020 rodando na casa de 2,6%. Conclusão: embora 2019 seja o terceiro ano consecutivo de Pibinho de 1%, o fim do ano vai entregar um ritmo de 2% a 2,5% para 2020. E, se tudo der certo, no fim de 2020, o legado será ainda mais promissor, proporcionado um cenário de 2,5% a 3% para 2021.

MELHOR NATAL EM 6 ANOS No domingo 10, o jornal O Estado de S. Paulo estampou a seguinte manchete: “Com crédito e FGTS, comércio espera melhor Natal em 6 anos”. Essa manchete é muito relevante, com a ressalva de que a base de comparação é fraca, já que as vendas do Natal têm sido decepcionantes desde 2014, quando eclodiu a crise. É inequívoco que recuperação já começou e que o crédito relativamente mais barato (embora ainda caríssimo no Brasil) será um dos protagonistas.

O cenário positivo pode ser frustrado de novo e a economia empacar em 2020? Pode, principalmente se a bagunça política atrapalhar e o clima internacional azedar muito – é importante acompanhar os desdobramentos da guerra comercial entre Estados Unidos e China. O que me deixa otimista é ver o setor privado dando menos importância para o noticiário de Bolsonaro e Lula, e focando cada vez mais nos seus negócios. Está na hora de a economia voltar a ser mais importante do que a política. Como preconiza o slogan da equipe do ministro Paulo Guedes, é hora de “Mais Brasil, menos Brasília”.