21/03/2012 - 21:00
O eixo da economia brasileira volta a mudar de trilho, ao menos no que se refere ao destino de suas vendas para o mercado externo. Na semana passada, um dado inesperado trazido pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento revelou que os EUA superaram a China como principal importador de produtos brasileiros. Esse papel preponderante dos americanos sobre as exportações nacionais já foi exercido no passado, mas vinha pouco a pouco perdendo tal status desde a crise dos subprimes em 2008 e com o avanço de outros parceiros do Oriente e mesmo do Mercosul e do bloco europeu sobre a produção local.
Pelas contas do ministério, a situação virou novamente. O primeiro bimestre de 2012 aponta uma retomada das vendas principalmente de manufaturados brasileiros para os EUA. Registra a pasta que em janeiro e fevereiro o comércio do Brasil para a China teve uma alta de apenas 0,3% em relação ao mesmo período de 2011, passando de US$ 3,973 bilhões para US$ 3,986 bilhões. Já na rota para o mercado do Tio Sam, o incremento foi de astronômicos 38,2% e a proporção de encomendas americanas sobre a pauta daqui saltou de 10,5% para 13,6%. É bem verdade que o Brasil ainda amarga um déficit nessa via bilateral e o comércio entre os dois países patinou na casa dos US$ 8 bilhões/ano por um bom tempo.
O quadro de relativa penúria está prestes a mudar e alguns fatores conspiram para isso. A troca de cenário nos EUA, que parece pouco a pouco estar recuperando a boa forma, e o preço competitivo de mercadorias brasileiras são elementos fortes pesando a favor. A presidenta Dilma tem encontro marcado com Barack Obama no mês que vem e a pauta de comércio certamente figurará na lista como item 1 das conversas – o que gera expectativa no empresariado de novos e vantajosos acordos entre as partes. Antes mesmo da visita, gestos de aproximação e melhora das relações são emitidos. Na semana passada, os EUA derrubaram, finalmente, as barreiras protecionistas contra o suco de laranja nacional. Nessa toada, os americanos entraram em 2012 na mira como alvo preferencial dos negócios “made in Brazil”.