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TELA QUENTE: Silva, presidente, convenceu a matriz a incluir o Brasil na lista de lançamentos simultâneos


JEFFREY KATZENBERG, O poderoso chefão da DreamWorks, costuma dizer que os projetos bem-sucedidos na indústria cinematográfica dependem da combinação de três ingredientes: uma boa história, um diretor competente e dinheiro. Quando assumiu o posto de diretorgeral da Paramount do Brasil, em 2007, Cesar Silva percebeu que, para colocar a subsidiária no topo, precisaria adicionar a essa fórmula mais um elemento: a inclusão do Brasil na lista dos mercados onde os filmes são lançados simultaneamente. Agora, o executivo está colhendo os frutos. A Paramount se tornou a líder absoluta de bilheteria no País, deixando para trás as compatriotas Warner e Fox. Em 2008, as produções distribuídas pelo estúdio renderam R$ 130 milhões – montante 35% maior que o apurado em 2007. “Vivemos o melhor momento da história da empresa no Brasil”, disse Silva à DINHEIRO. Os números se tornam ainda mais expressivos quando lembramos que o setor avançou apenas 1,12% no ano passado. Para atingir essas cifras, Silva teve a ajuda de super-heróis da estirpe de “Homem de Ferro” e “Indiana Jones”, vistos no mesmo dia por brasileiros, americanos e britânicos. Para convencer os executivos de Hollywood, Silva mesclou o discurso racional típico dos engenheiros (ele é graduado na área) com pitadas de marketing. “Mostrei a eles que, entre os mercados emergentes, o Brasil é o que possui o maior potencial de crescimento”, destacou. A estimativa leva em conta dados como o número de salas de cinema: 2,3 mil, metade das existentes no México.

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Mas para conquistar o espectador é preciso saciar seu grande apetite por novidades. Se o estúdio não atende à demanda corre o risco de ver o impacto de seus filmes diluído devido à venda de cópias piratas e à proliferação de sites nos quais é possível baixar filmes sem gastar um centavo. Ou seja, além de uma ferramenta mercadológica, o esquema de lançamento simultâneo ajuda a combater o crime organizado. Silva também obteve carta branca para definir a estratégia de divulgação dos filmes. Além disso, o executivo conseguiu autorização para que a filial da Paramount pudesse atuar em coproduções com empresas daqui. Os recursos virão, em boa parte, de incentivos fiscais criados pelo Ministério da Cultura. “As pesquisas do setor indicam que não existe nenhum nível de rejeição ao filme brasileiro. Quando a história é boa, ela atrai o interesse do público independentemente da nacionalidade da obra”, argumentou. Para este ano, sua meta é colocar nas telonas quatro coproduções. Três delas já foram definidas: Suprema Felicidade, que marca a volta de Arnaldo Jabor à direção, Coração Vagabundo, um documentário sobre Caetano Veloso, e Nunca Antes Neste País, um thriller político dirigido por José Padilha, o mesmo que assina o controvertido Tropa de Elite.

Eles funcionarão como uma espécie de cereja do bolo da Paramount, cujo recheio serão lançamentos simultâneos, como manda a nova cartilha do estúdio, de candidatos a blockbusters, entre eles Star Trek e Watchmen – este último baseado em personagens da DC Comics. No total, a plateia brasileira assistirá a 24 filmes, sete a mais que em 2008. Silva explica que a regra da simultaneidade não vale, no entanto, para as animações. Isso porque as férias escolares nos Estados Unidos e na Europa ocorrem em período diferente das do Brasil. Mas nem sempre isso é um problema, Kung Fu Panda foi o segundo filme mais visto de 2008, com quase quatro milhões de espectadores.