A safra de soja em 2014 deve atingir 90,3 milhões de toneladas, o que significa um avanço de 11,6% sobre o ano passado. A maior parte dessa produção é exportada e o principal destino é a China. Para Rubens Rodrigues dos Santos, presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o Brasil não pode ficar dependente só dos chineses, maior parceiro comercial do País, na exportação do grão, e defende uma negociação imediata com União Europeia e Ásia. ?É hora de prospectarmos negócios com outros países para a venda de soja?, afirma. O dirigente fala ainda sobre as perspectivas para 2014 e os benefícios que a infraestrutura pode trazer ao agronegócio. 

 

DINHEIRO – Qual a perspectiva para a safra 2013/2014?

RUBENS RODRIGUES DOS SANTOS – Esperamos ter uma safra de 196,7 milhões de toneladas. Se ela se confirmar, será um crescimento de 4,5% em relação à safra 2012/2013, e é muito maior que a expansão do PIB. Mas a minha estimativa pessoal é de que esse número chegue a 200 milhões de toneladas. A expectativa da Conab é de que a soja cresça em torno de 10,8% em relação à safra passada, chegando a 90,3 milhões de toneladas. Para o trigo, esperamos que a produção salte de 4,3 milhões de toneladas para 5,5 milhões de toneladas. O algodão, terá um crescimento bom, de 24,5%, chegando a 4,2 milhões de toneladas. Já o milho na primeira safra, temos a previsão de que tenha uma redução de 6%, porque a área até então ocupada com o milho foi ocupada pela soja, que teve preços mais atrativos. 

 

DINHEIRO – O que é necessário fazer para que o agronegócio deslanche em 2014?

SANTOS – Além de resolver os gargalos em infraestrutura para melhorar o escoamento da produção, o Brasil precisa abrir outros mercados, principalmente para a exportação de soja. Temos uma concentração muito grande de exportação para a China e isso não deixa de ser arriscado. Há quase três anos atrás, os chineses devolveram alguns navios de soja brasileiros. Temos uma exportação de soja na ordem de 45 milhões de toneladas, e mandamos para a China em torno de 34 milhões de toneladas.  Ou seja, estamos praticamente na dependência de um único comprador. Já a venda do milho é mais pulverizada.

 

DINHEIRO – Para quais países o Brasil deveria exportar?

SANTOS – É hora de aumentar os negócios com a União Europeia. Temos também que negociar com países asiáticos, como a Coreia do Sul.  Em termos de comércio mundial, ficar refém de um único país pode ser arriscado. Agora isso não preocupa, mas em cinco anos pode ser um problema. É hora de prospectarmos negócios com outros países para a venda de soja. 

 

DINHEIRO – A Conab planeja algum tipo de investimento para 2014?

SANTOS – Estamos fazendo investimento em armazenagem. Vamos investir R$ 500 milhões no biênio 2014-2015 em dez novas unidades de armazenamento e na modernização da nossa atual rede armazenadora. Esses locais serão utilizados para estoque público. Quando tiver espaço ocioso e necessidade do mercado, poderemos armazenar grãos da iniciativa privada.

 

DINHEIRO – Você acredita que essas concessões na área de infraestrutura vão produzir algum efeito no curto prazo?

SANTOS – Não. O produtor só vai sentir algum efeito em no mínimo cinco anos. 

 

DINHEIRO – Como as concessões em infraestrutura podem ajudar o agronegócio?

SANTOS – A concessões são importantes porque se você tem uma infraestrutura com outras opções de escoamento, isso acaba diminuindo o risco da produção. Com um escoamento melhor, você acaba transferindo renda para o produtor. Ter outras alternativas à rodovia, como o a ferrovia, por exemplo, podem ajudar nesse processo.

 

 

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