07/06/2013 - 21:00
Cresce por esses dias a insatisfação empresarial com a estratégia de comércio exterior promovida pelo governo. O alvo principal da queixa é a falta de ambição – ou de planejamento, vá lá! – das autoridades para que o País conquiste maiores posições em mercados rentáveis como o europeu e o dos EUA, ficando para trás mesmo entre seus parceiros latinos que já incrementaram negociações e firmaram acordos de compra e venda altamente lucrativos nessas praças. O Brasil, na contramão, segue em seu abraço de afogados com os aliados do Mercosul, que, de mais a mais, encolhem sistematicamente suas encomendas e vendas em virtude da crise.
O desaquecimento econômico da região, aliado a práticas inesperadas de quebra de contratos, que ocorrem com uma frequência desconcertante, especialmente por parte da vizinha Argentina, tornou urgente a necessidade de uma virada de postura brasileira rumo a outros blocos de comércio que vêm se firmando. Na América Latina, entre 2008 e 2011, o País perdeu nada menos que US$ 5,4 bilhões em vendas a seus vizinhos, que preferiram comprar da China, União Europeia, México e EUA. Em outras palavras, nem a preferência de encomendas os parceiros estão dando ao Brasil, independentemente do fator preço das mercadorias. A gota d’água para a inquietação e o protesto de exportadores e fabricantes nacionais foi a encampação, na semana passada, sem aviso prévio ou indenização, de oito mil quilômetros de ferrovias brasileiras da empresa ALL por parte do governo de Cristina Kirchner, que rompeu sumariamente mais um contrato bilateral, alegando irregularidades na concessão.
A reestatização da ferrovia se deu, na verdade, por oportunismo e falta de resistência do Brasil, que, em geral, evita punir o vizinho e sempre fecha os olhos a suas traições na relação. A indústria quer virar essa página. Acredita que o Brasil errou ao privilegiar o quintal sul-americano e pede uma maior inserção mundo afora. É legítima e necessária essa mudança de prioridade. O tempo corre contra, novos e gigantescos blocos vêm sendo formados – como o clube de US$ 31,8 trilhões que deverá unir americanos e europeus – e o Brasil está ficando de fora. Não há razões, que não provincianas e de cunho meramente político, para insistir em um erro que está custando bilhões de dólares à economia nacional.