Frederico Humberg, fundador e CEO da AgriBrasil, exportadora de grãos, participou da live da istoÉ Dinheiro nesta quinta-feira (18).

Na entrevista à revista, o empresário analisou o mercado brasileiro de commodities agrícolas, em especial o de exportação de milho e soja.

Na conversa, Humberg traçou um diagnóstico do segmento de grãos e projetou um momento perfeito para o setor. “O Brasil se tornará um grande exportador de milho. Em breve vamos chegar a 200 milhões de toneladas.” Em tempo, as vendas externas do grão somaram 32,9 milhões de toneladas até a segunda quinzena de dezembro passado.

Com mais de 30 anos de carreira no agronegócio, o CEO da AgriBrasil avalia que os produtores brasileiros aproveitaram o bom momento do câmbio para negociar o produto no exterior. Os preços em dólar, garante ele, subiram até 100%, o que beneficiou as vendas para o exterior. “Com a desvalorização cambial. O Brasil está cada vez mais competitivo. No curto prazo, vejo os preços ainda mais altos. Isso vai estimular muito o plantio”, diz.

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O empresário entende que não é só a desvalorização cambial que movimentou violentamente o mercado de grãos. Para ele, existe uma mudança substancial e estrutural nesse mercado que é a mudança de operação dos chineses como grande importador. Essa mudança de rota, garante ele, dará um grande impulso aos produtores brasileiros de grãos como novos players do mercado mundial no futuro bem próximo. “A China, daqui a cinco a dez anos, vai consumir pelo menos 50% da exportação de milho brasileiro.”

Antes de fundar a AgriBrasil, Humberg passou mais de 25 anos montando a área de exportação de grãos de gigantes internacionais como Glencore, Bunge e Gavilon.

Durante a entrevista, o executivo diz que sua empresa, que nasceu com vocação de ser líder na exportação de grãos especiais, inclusive os não transgênicos, reavaliou o mercado que tem reduzido bastante a comercialização do produto não transgênico. “Infelizmente, o grão não transgênico representa menos de 5% do total que nós comercializamos.”

A empresa de Humberg foi toda planejada para ser leve em ativos e, em vez de travar uma luta de frente com as grandes tradings, prefere a hábil estratégia de vender a carga brasileira em mercados internacionais menores, porém promissores.

Com essa receita, fez o faturamento da AgriBrasil saltar de R$ 70 milhões para R$ 1 bilhão em quatro anos. “O patrimônio da empresa este ano é 30 vezes maior do que era o ano passado. Isso mostra um compromisso nosso de investir no negócio.” Ele quer mais.

Na entrevista, o empresário diz que sonha em chegar em breve no top 10 do mercado, com um faturamento de R$ 4 bilhões, nos próximos cinco anos.

Apesar de ser um número muito expressivo, explica ele, esse valor representa menos de 1% da exportação Brasileira de soja e milho. “Trabalhamos com margens muito baixas. Então, o nosso desafio é sempre manter um custo muito menor do que as empresas multinacionais. O primeiro bilhão era a primeira barreira, nós temos um plano para esse ano dobrar o faturamento este ano.”

Durante a conversa, ele faz uma avaliação do mercado nacional e internacional de grãos – “a Europa tem se tornado cada vez um player menos importante para o Brasil”. Humberg fala sobre o movimento do agronegócio na Bolsa de Valores. “[Os investimentos] não somam 5% do total do valor das empresas listadas. É muito pouco dentro da economia brasileira”, avalia.

Gargalos

Para o empresário, com o crescimento da produção de soja e de milho, o setor vai exigir uma logística muito maior. “Quem não tiver logística adequada pode ficar fora do jogo”, atesta. “A gente está se mexendo, estamos estudando possíveis investimentos em ativos de logística, como terminais portuários.”

Para finalizar, o CEO falou sobre a questão ambiental e a influência da péssima gestão do meio ambiente nos negócios. Ele acredita que de fato há problemas, mas também existem iniciativas sustentáveis importantes que devem ser divulgadas.

“A gente deveria trabalhar melhor a diplomacia governamental. Temos um setor que tem boas práticas ambientais, mas pouco se divulga. Tem que melhorar esse marketing e se preparar para o futuro nessas iniciativas ambientais. O Brasil tem tudo para ser celeiro e alimentador do mundo, para isso precisa estar preparado para todo tipo de demanda”, conclui.