Catastróficos de plantão voltam a vender a ideia de que o Brasil caminha para o cadafalso, que a produção parou, que o PIB estagnou. No início do ano, a grita era contra a ameaça da inflação, que perderia o controle devido ao consumo alto e ao crédito farto. Alegavam os tais profetas do apocalipse que o País crescia demais, como uma bolha artificial, de forma irresponsável. Pediam um breque estratégico, uma recuada de ritmo. Autoridades aquiesceram. Vieram medidas de contração, arrocho mesmo, e o mercado trombou com o fator extra de um cenário de crise na Europa além da conta. Todas as variáveis desembocaram nos números do PIB do último trimestre, divulgados na semana passada pelo IBGE. A economia interna deu uma estacionada. Indústria e serviços, principalmente, seguraram a expansão. Para os alarmistas, foi como se o País tivesse afundado na recessão inexorável. 

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O fato é que tal encolhimento foi algo feito de maneira deliberada, a partir do manuseio dos instrumentos monetários disponíveis, usados com o objetivo declarado de dar uma segurada geral. Podem-se discutir a dosagem do remédio, o peso dos imprevistos. Mas, indiscutivelmente, os fundamentos macroeconômicos que amparam o desenvolvimento sustentável do País continuam onde estavam antes. As contas seguem em dia, inversões de capital externo batem recordes e até a taxa de emprego cresce. Indicadores positivos – inclusive o da aceleração de alguns setores como o da agricultura – demonstram a vitalidade do mercado brasileiro. Mesmo os mais conservadores organismos financeiros, como o FMI, já enxergam o País como o porto seguro, o paraíso das oportunidades. 

 

Mas, claro, os analistas precisam vender dificuldades para colher facilidades. E muitos caem na esparrela de acreditar em seus prognósticos. Dão-se mal. Ainda está na memória o erro praticado ao final de 2008 por alguns segmentos que embarcaram na chamada crise de expectativas e engavetaram projetos e produção, perdendo clientes e faturamento, como a indústria automobilística, que demorou a reagir. Empreendedores não podem sucumbir à avaliação rasteira dos especialistas de academia que elaboram seus relatórios pseudotécnicos, sem embasamento prático. E o Brasil como um todo precisa se livrar do complexo vira-lata de que é um país que não pode dar certo. Seu momento chegou, apesar dos arautos do fracasso crônico.