15/09/2004 - 7:00
Nos últimos anos, o procurador Luiz Francisco de Souza notabilizou-se como um implacável caçador de poderosos no Brasil. Fez vítimas graúdas como o ex-senador Luiz Estevão, acusado de corrupção nas obras do TRT de São Paulo, e Antônio Carlos Magalhães, envolvido nas fraudes no painel do Senado. Na última semana, porém, o polêmico procurador, cujo sonho declarado é ?destruir o capital?, viu-se na incômoda posição da caça. Tudo porque seus métodos de ação, mais e mais, são questionados. Exemplo 1: dias atrás, Luiz Francisco apresentou uma representação contra o Opportunity, do banqueiro Daniel Dantas. Descobriu-se que o texto havia sido produzido num computador da empresa Nexxy, que pertence ao empresário Luís Demarco, inimigo de Dantas. Exemplo 2: Luiz Francisco pediu uma devassa fiscal na vida do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, apontando como motivo uma carta anônima. Procurado pela DINHEIRO, ele não vê mal algum na sua forma de agir. ?Querem apenas me desqualificar?, disse. No entanto, o estilo de Luiz Francisco incomodou até o ministro da Casa Civil, José Dirceu. ?Estão se formando células no Ministério Público que investigam acima da lei?, disse Dirceu. ?Corremos o risco de ter pequenas Gestapos?, afirmou.
Um caso a mais. Luiz Francisco coleciona tantos inimigos que já existem 40 representações contra ele na corregedoria do Ministério Público ? seu tropeço no caso Opportunity será motivo de apenas mais uma entre diversas investigações em andamento. ?Se há suspeitas sobre a atuação de um procurador, ele deve sim ser investigado?, diz Luiz Flávio D?Urso, presidente da OAB de São Paulo. O caso também fez com que algumas vítimas recentes de Luiz Francisco viessem a público. ?Ele é um militante político travestido, que mente, falseia e inventa?, afirma Eduardo Jorge, ex-secretário Geral da Presidência no governo FHC. Acusado de corrupção, Eduardo Jorge saiu inocentado por falta de provas. ?Ele é um vaidoso que se reveste de humildade?, reforça o advogado José Gerardo Grossi. O fato é que Luiz Francisco gerou incômodos até no Ministério Público. Nos próximos dias, ele será promovido do cargo de procurador de primeira instância para procurador regional. Seu chefe, Cláudio Fonteles, só não decidiu ainda se ele fica em Brasília ou vai para São Paulo. Seja como for, o cargo será burocrático, longe das investigações. Luiz Francisco será um caçador sem poder de fogo.
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