21/09/2001 - 7:00
Ele tem nome de alemão, cara de inglês e dedicou toda a sua vida a uma multinacional americana. Conhece tudo sobre o mundo da alta tecnologia e do mercado de capitais. Sem falar no gosto por aventuras no mundo financeiro. Juntas, essas características transformaram Rudolph Höhn no homem ideal para correr o mundo e tentar vender o Brasil aos investidores estrangeiros. Há uma semana, esse carioca de 61 anos e sorriso fácil foi oficialmente apresentado à cúpula da equipe econômica em Brasília como o novo presidente da Investe Brasil, a agência que vai liderar os esforços do governo na competição pelo capital estrangeiro. ?Serei um caixeiro-viajante, que vai buscar parte desses recursos para o Brasil?, disse Höhn.
Retração global. Embora acostumado a grandes desafios, esse engenheiro-eletricista terá que usar toda a sua experiência adquirida ao longo de 30 anos na IBM do Brasil, dos quais 11 na presidência, para ser bem-sucedido na nova empreitada. As recentes turbulências na economia mundial têm despertado uma aversão dos investidores a mercados emergentes. Essa tendência já está sendo traduzida na redução do volume de dinheiro que percorre os cinco continentes. A expectativa é que o investimento direto estrangeiro caia 40% até dezembro em relação a 2000, segundo as Nações Unidas. ?Todo esse quadro externo hoje só confirma que estávamos certos quando decidimos criar a agência de investimentos?, avalia o ministro do Planejamento, Martus Tavares. ?Agora, teremos um instrumento para brigar por esses recursos e trazê-los para cá.?
No trabalho de convencer um investidor indeciso a desembolsar recursos em projetos no Brasil e não na Ásia, Europa ou outro lugar da América, Höhn não estará sozinho. Além de um staff de até 50 administradores, economistas e marketólogos, ele vai contar com a ajuda dos 27 Estados. Juntos, vão criar uma detalhada rede de informações sobre oportunidades de negócios nas mais diversas áreas e que serão permanentemente atualizadas. A falta de dados confiáveis é um dos principais motivos que afastam investidores de um provável negócio. Nos planos da agência, estão a elaboração de portfólios completos sobre regiões brasileiras, realizar road-shows no Exterior e participar de feiras e seminários internacionais. ?O nosso trabalho pode ser resumido, a grosso modo, em três verbos: vamos atrair, reter e multiplicar o capital estrangeiro no País.?