ERSPICÁCIA: Cohen percebeu a pouca oferta de marcas jovens no mercado brasileiro há cinco anos e fundou a TBC

O empresário Hayo Cohen, 46 anos, um libanês radicado no Brasil desde os 10 anos de idade, não costuma falar gírias e se veste com sobriedade ? uma camisa listrada, calça, cinto e sapatos sociais e óculos de grau compõem o seu estilo. Até aí, nenhum problema. Afinal, Cohen é dono da The Brands? Company (TBC), uma empresa que representa dez marcas de moda nacionais e internacionais, e que deve faturar R$ 150 milhões até o fim de 2009. O que chama a atenção, porém, é que ele comanda grifes de urban wear como a Ecko, do grafiteiro americano Marc Ecko; Sean John, do rapper Sean P. Diddy Combs; e acaba de assinar contrato para trazer a Zoo York e a G-Unit, esta última de Marc Ecko em parceria com o rapper-celebridade 50 Cent. Ou seja, com um estilo inversamente proporcional ao seu. ?Percebi que o mercado brasileiro era carente de opções de moda jovem e foquei em trazer novidades?, diz Cohen. Se depender da estratégia dele, a expansão se acentuará ainda mais nos próximos anos. Até 2014, serão abertas 40 lojas da Ecko, num investimento total de R$ 20 milhões (R$ 500 mil por loja) por parte dos franqueados e faturamento estimado de R$ 80 milhões apenas com essa operação. Mais: a marca Athleta, que foi fundada em 1935 e fez fama assinando as camisas da seleção brasileira de futebol nas Copas do Mundo de 1958, 1962 e 1970, renascerá pelas mãos do executivo em 2010.

A marca brasileira de equipamentos esportivos sumiu do mercado, em 2004, diante da acirrada competição com grifes como Nike, Adidas e Puma. ?O cuidado que a TBC deverá tomar com a Athleta é o de adotar estratégias específicas de distribuição e comunicação para criar uma experiência que faça o consumidor associá-la com estilo de vida e moda, e não com a prática esportiva?, disse Eduardo Tomiya, diretor-geral da Brand Analytics. E é exatamente isso o que Cohen pretende fazer com o lançamento de edições retrô das camisas da seleção e de times de futebol como, por exemplo, Corinthians, Flamengo e Vasco. Além da Athleta, que debutará no próximo ano, a TBC também comanda outras grifes nacionais como a feminina Les Filós e a masculina Anni Futuri. ?A comunicação de cada marca é segmentada?, diz Cohen. A distribuição, por sua vez, é pulverizada em 850 lojas multimarcas espalhadas por todo o Brasil. ?As grifes do grupo representam 60% de nosso faturamento. O bacana é que elas caminham com facilidade entre diferentes classes sociais, porque vendem um estilo de vida desejado por todos?, conta Paulo Sobral, proprietário da loja Sport Mix, do Rio de Janeiro.

ACERVO FAMILIA BUGARELLI

NICHO: a TBC representa grifes como a Rocawear, a G-Unit, a Ecko, a Zoo York, a Anni Futuri e a Les Filós (em sentido horário). Em 2010, vai relançar a Athleta, que vestiu astros do futebol, como Pelé (acima)

Apesar de a TBC ter sido fundada em 2004, Cohen carrega a moda no seu DNA. ?Assim que acabei o ensino médio, fui trabalhar na fábrica de lingeries da minha família em São Paulo?, explica. A experiência de mais de 20 anos em negócios de moda foi crucial quando o empresário decidiu montar a gestora de marcas. Cohen adotou um modelo de negócios diversificado, que envolve o licenciamento, a gestão e a franquia- master das grifes no Brasil. Ele produz as peças em 40 fábricas terceirizadas e recebe royalties com as vendas. ?O fato de fabricar no Brasil faz com que a marca ganhe em tempo de produção, mas perca em competitividade, se comparada a grifes que produzem na Ásia, por exemplo?, diz Tomiya. Isso parece não atrapalhar os planos da TBC. Se em 2008 ela produziu 450 mil peças, deverá fechar 2009 com um milhão de unidades.