A correspondência chegou na semana passada no escritório da Ajinomoto em São Paulo. O selo exibia a bandeira do Japão e o remetente era ninguém menos do que Kunio Egashira, o presidente mundial da empresa, sediado em Tóquio. Conteúdo do envelope: uma pilha de documentos com o logotipo da matriz e uma informação que mudaria de uma vez por todas a vida da filial brasileira. A gigantesca corporação, cujo faturamento anual é de US$ 10 bilhões, autorizava o investimento de US$ 150 milhões no Brasil. Seria mais um aporte da nave-mãe não fosse um detalhe: a verba global da Ajinomoto para os próximos doze meses é de US$ 200 milhões. Ou seja, o Brasil fica com 75% dos investimentos em todo o mundo. ?É uma prova de confiança em nossa operação?, comemora Julio Miyamoto, diretor-geral da Ajinomoto Brasil. Até porque, o mundo vive a era China, que nos últimos tempos vem drenando significativa parcela dos recursos das multinacionais. Na corrida pela considerável soma, o Brasil não só desbancou a estrela da vez, como deixou para trás os EUA. Os dois países ficaram, respectivamente, com US$ 27 milhões e US$ 23 milhões dos US$ 200 milhões.

?Individualmente, é o maior investimento da Ajinomoto no Brasil desde 1956?, conta Miyamoto, cujo foco é a exportação. Mas essa montanha de dinheiro que vai desembarcar no País entre 2004 e 2006 guarda outro feito. Com esses dólares, a filial consolida-se como a principal produtora de aminoácidos do mundo. Não é pouco. Somente para ração animal, a substância movimenta 700 mil toneladas no planeta. Desse montante, 270 mil toneladas saem das fábricas da Ajinomoto, sendo que 72 mil têm sotaque brasileiro. Em 2006, quando o mercado mundial demandar 770 mil toneladas, perto de 360 mil toneladas sairão dos fornos do grupo japonês e cerca de 35% dessa produção terá o selo ?made in Brazil?.

Para viabilizar esse plano, US$ 86 milhões dos US$ 150 milhões serão aplicados para erguer mais uma fábrica no Estado de São Paulo. É a quarta da Ajinomoto, desta vez na cidade de Pederneiras (SP). Ela já tem unidades em Limeira, Laranjal Paulista e Valparaíso. A nova unidade produzirá 53 mil toneladas por ano de um aminoácido chamado de lisina, insumo essencial para a ração de aves e suínos. A sobra, US$ 63 milhões, vai para Limeira, onde inicia-se a produção de outro aminoácido para indústria farmacêutica.

PERFIL DA EMPRESA

106 fábricas no mundo*

US$ 10 bilhões é o faturamento global

US$ 288 milhões são as vendas no Brasil