O trânsito de São Paulo não poupa ninguém, nem mesmo a pontualidade britânica do CEO da fabricante de carros de alto luxo inglesa Rolls-Royce, Torsten Müller-Ötvös. Na segunda-feira 24, ele desembarcou no Brasil para anunciar a chegada da marca ao País e, de quebra, a vinda dos automóveis mais caros já vendidos por aqui – título que hoje é ocupado pela Ferrari 599 GTB Fiorano, que custa R$ 2,5 milhões. Com um atraso de mais de uma hora, Müller-Ötvös fez piada, dizendo que apenas dentro de um Rolls-Royce é possível enfrentar os congestionamentos que tomam conta das ruas da capital paulista. Pode ser. Mas prepare o bolso. Quem quiser passar algumas horas no trânsito dentro da mais refinada das marcas inglesas, terá de desembolsar entre R$ 2,2 milhões e R$ 3,3 milhões – ou até mais, se o carro for personalizado ao gosto do comprador. O modelo Phanton VI, que também está à disposição dos brasileiros por cerca de R$ 3 milhões, é o mesmo utilizado pela rainha Elizabeth II. 

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Luxo sobre rodas: o modelo mais barato, o Ghost, chegará ao brasileiro por R$ 2,2 milhões

Já o modelo mais barato no Brasil é o  Ghost, que, sob encomenda, levará de quatro a cinco meses para ser entregue, dependendo da personalização que o futuro proprietário desejar para o seu carro. “Quem procura um Rolls-Royce não chega sequer a consultar outras marcas de luxo”, diz Müller-Ötvös. “Nossos concorrentes são as joias, os helicópteros e as viagens ao sul da França.” De fato, o público-alvo da Rolls-Royce no Brasil não é o consumidor que está preocupado com o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), anunciado recentemente pelo governo. Nos modelos que serão trazidos pela marca todo tipo de luxo é possível, desde o brasão da família do comprador bordado no encosto dos bancos ou no design interior cravejado com madrepérolas. “Possuir um Rolls-Royce é um investimento, uma herança”, afirma o CEO da empresa, com a propriedade de quem comanda uma empresa que detém 45% do mercado mundial de carros acima de cerca de R$ 500 mil. 

 

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Müller-Ötvös: ”Quem procura um Rolls-Royce não chega sequer a consultar outras marcas de luxo”

 

Embora a Rolls-Royce – que pertence ao grupo BMW desde 1998 – tenha oficializado sua vinda ao Brasil apenas agora, sua estratégia no mercado brasileiro começou a ser desenvolvida anos atrás, quando a crise atingiu as maiores economias do mundo. A companhia enxergou uma oportunidade de negócios em economias emergentes e, no ano passado, nomeou como representante brasileiro a Via Italia, importadora oficial de marcas como Ferrari, Maserati e Lamborghini.  Como parte dos planos estratégicos da marca nos países do Bric, grandes responsáveis pelo crescimento em vendas de 171% no ano passado em relação a 2009, uma concessionária será aberta em março, em São Paulo.