17/09/2008 - 7:00
BASTA UMA PESQUISA no Google para perceber a força do bordão O Primeiro Sutiã a Gente Nunca Esquece. São nada menos que 15,5 mil citações distribuídas por sites sobre propaganda, reportagens, blogs, crônicas, chats de bate-papo e até mesmo artigos acadêmicos. Considerada uma das mais famosas assinaturas da publicidade feita no País, a frase criada para a campanha da Valisère completa 21 anos exibindo uma vitalidade impressionante. E é exatamente isso que seu criador, Washington Olivetto ? sócio da W/Brasil ? mostra no livro O Primeiro a Gente Nunca Esquece, lançado na última semana em São Paulo. A obra reúne uma série de artigos e reportagens extraídos de revistas e jornais de grande circulação fazendo referência ?à primeira vez?, nos quais personalidades do porte de João Ubaldo Ribeiro, Mauricio de Sousa, Mario Prata, Pelé, Zélia Duncan e José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, além de diversos jornalistas, usaram a citação.
Olivetto também conta os bastidores da produção que custou ?ínfimos? US$ 86 mil, em moeda de hoje, e ajudou a moldar a moderna propaganda brasileira.
?O filme foi um sucesso estrondoso. Foi o primeiro a possuir uma ?pegada? mais afetiva, um artifício que acabou marcando a publicidade brasileira?, avalia. E não se trata de nenhum exagero. Tanto que a peça, ao lado da campanha Hitler, também da W/Brasil, são os únicos filmes iberoamericanos listados no livro Os 100 Melhores Comerciais de TV, escrito por Bernice Kanner.
![]() | HISTÓRIA: obra revela os bastidores do processo criativo do festejado comercial, criado em 1987 |
?O FILME FOI UM DIVISOR DE ÁGUAS PARA O SETOR?, OPINA OLIVETTO
O livro também procura fazer uma ponte com o futuro da publicidade brasileira. ?A propaganda eficiente é aquela que é fruto de uma boa idéia e que consegue ser bem executada?, opina Olivetto. ?Emoção é importante mas precisa ser dosada na medida certa e só vale se ajudar a atingir os objetivos propostos pelo cliente?, arremata. E nisso o comercial de Valisère também acertou em cheio. Apesar de conhecida, a marca era considerada envelhecida pelos irmãos Aron e Ivo Rosset, que haviam acabado de assumir o negócio em fevereiro de 1987. Seu garoto-propaganda, à época, era o já controvertido estilista Clodovil Hernandez (Se Eu Fosse Você Só Usava Valisère). ?O filme nos deu um resultado financeiro espantoso e cumpriu a função de rejuvenescer a marca?, disse Ivo Rosset em entrevista ao caderno Propaganda & Marketing.
Segundo Olivetto, ?O primeiro sutiã? foi importante em sua carreira como publicitário e também na trajetória da W/Brasil, que se chamava então W/GGK. Além disso, ajudou a reforçar a galeria de troféus e ampliou o prestígio junto aos anunciantes. Mesmo para um profissional detentor de uma trajetória consolidada e que ostentava no currículo marcas como o garoto-Bombril, o mais longevo personagem da história da propaganda global, e bordões como Dê Férias para seus Pés (criado para as sandálias Rider) e Chambinho, o Queijinho do Coração (Chambourcy).
Apesar de ocupar a 43ª posição do setor, levando-se em conta o critério do Ibope, que se baseia no investimento publicitário feito pelos clientes das agências, a W/Brasil é, sem dúvida, um fenômeno do setor. ?Nossa expectativa é crescer 10% neste ano, no quesito receita?, diz Ronaldo Gasparini, vice-presidente de atendimento da W/Brasil, que não revela o montante em reais. Isso será conseguido graças a trabalhos realizados para potências como Nestlé, BIC, Reebok, EMS, Bombril e Grendene.