22/08/2007 - 7:00
MENIN, EM SÃO BERNARDO (SP): seu sonho é lançar 40 mil unidades a cada ano
Com um sucesso tão estrondoso, era de se esperar que o empresário Rubens Menin, um engenheiro de 51 anos, tirasse enfim um dia de folga. Que nada! Sem ter como trabalhar na capital mineira, Rubens embarcou para Campinas, no interior paulista.
Foi vistoriar um dos seus canteiros de obras. No mesmo dia, seguiu para São Bernardo do Campo, onde visitou um conjunto habitacional de 700 unidades que já está todo vendido. ?Não dá para descansar?, disse ele. ?Nossa missão agora é muito grande?. Rubens não exagerou. O plano que ele vendeu aos investidores, numa operação coordenada pelo UBS Pactual, é transformar sua construtora na maior do mundo em unidades vendidas. A MRV, que irá lançar 10 mil imóveis neste ano, quer chegar a 40 mil até 2010, superando três empresas mexicanas que são as maiores: Homex,Geo e Urbi. ?Isso é viável?, garante o empresário de 1,95m que acaba de se tornar um novo bilionário. O valor de mercado da MRV já é de R$ 4 bilhões e Rubens, que fundou a empresa em 1979 ao sair da faculdade, possui 44% das ações, o que equivale a R$ 1,8 bilhão.
As contas do engenheiro são simples. No México, são lançadas 600 mil novas unidades habitacionais por ano. Aqui, onde só agora o mercado imobiliário começa a despertar de um marasmo de quase 30 anos, o volume deve chegar a 150 mil em 2007.
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Ocorre que as condições macroeconômicas dos dois países hoje são muito parecidas. Além disso, o Brasil também colocou em prática alguns instrumentos, como a alienação fiduciária, que existem lá há muito mais tempo. A diferença, a nosso favor, é o fato de termos uma população 50% maior. ?Nós teríamos de ser, no mínimo, iguais ao México?, diz ele. Isso significa crescer quatro vezes de tamanho, ou seja, justamente o que a MRV, focada em imóveis econômicos, pretende fazer nos próximos anos. Rubens diz que o Brasil dispõe de imensas áreas disponíveis, possui qualidade técnica e, agora, há também crédito farto. Dados do Banco Central apontam que os financiamentos imobiliários devem chegar a R$ 15 bilhões neste ano (leia quadro acima). ?O nosso desafio é adequar a gestão para um salto de crescimento tão grande?, diz ele.
Nesse aspecto, a MRV conta com algumas vantagens. Na empresa, existem hoje 93 sócios, que possuem cerca de 12% do capital, um naco que vale quase R$ 500 milhões. Todos eles, no entanto, só poderão vender suas ações se continuarem por lá num prazo que varia de dois a cinco anos. ?Agora, temos um exército aqui dentro?, diz Rubens. Para criar esse modelo, o empresário se inspirou no modelo de partnership implantado pelo próprio Pactual há vários anos.
Nos dois casos, o ingresso de sócios depende da produtividade e dos resultados gerados para a empresa. Na construtora, existem até curiosidades como uma moeda própria, que é o ?MRV?. Hoje, um MRV ? não confundir com a antiga URV ? vale R$ 26,90.
E, sempre que um empreendimento é lançado, o engenheiro responsável tem uma quantidade limitada de MRVs para concluir o trabalho. Se reduzir o desperdício e fizer com menos, obviamente sem prejuízo da qualidade, ganha pontos internamente.
Qualidade, por sinal, é palavra de ordem na empresa. Embora trabalhe para o chamado ?povão?, Rubens não abre mão dos detalhes. ?O nosso cliente é tão ou mais exigente do que os das construtoras de alto padrão?, diz ele. ?Ele compra um conceito de moradia e também busca fatores como segurança, conforto, lazer, proximidade do trabalho e até mesmo paisagismo.? Nas suas obras, todas as unidades, que têm preços entre R$ 45 mil e R$ 200 mil, são entregues com uma série de acabamentos. A diferença é que quase tudo é padronizado. Enquanto a MRV trabalha com cerca de 120 fornecedores, outras construtoras chegam a ter mais de mil. Rubens não teme a concorrência das empresas que prometem se lançar no mercado popular nem se incomoda quando lhe dizem que o segmento não dá lucro. ?Não dá para quem não sabe fazer?, diz ele. Hoje, a margem da MRV é de 20% e a empresa deve fechar o ano de 2007 com um Valor Geral de Vendas de R$ 980 milhões ? o VGV é o principal indicador usado pelas construtoras. ?É quase o triplo do que fizemos no ano passado?, diz Rubens, que trabalha das 7h às 20h. Nas horas de folga, ele relaxa na quadra de tênis, jogando dupla com outros empresários mineiros, como Ricardo Guimarães, do BMG, Lúcio Costa, da Suggar, e Rodrigo Mascarenhas, da RM Sistemas. ?Mas não tem sobrado tempo?, lamenta o construtor. ?Todo mundo diz que eu tenho andado meio sumido?. Não é para menos.
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