O escocês Johnny Thomson, 40 anos, se considera um brasileiro com forte sotaque inglês. Isso porque é casado com uma mineira e um de seus dois filhos nasceu no Brasil. Apesar de estar na empresa de refeições coletivas GRSA desde 2009, Thomson também trabalhou na filial local da PwC entre 2001 e 2003, período no qual conheceu sua atual mulher. Há pouco mais de um mês, seu vínculo com o País aumentou. Desde outubro, ele assumiu a presidência da subsidiária brasileira da GRSA, companhia do grupo inglês Compass, que fatura £ 15,8 bilhões no mundo e atua em 50 países. Sua nova sala, no bairro do Paraíso, zona sul da capital paulista, tem cerca de 40 metros quadrados e uma vista privilegiada. 

 

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Apetite de mercado: um dos objetivos de Thomson é aumentar

a rentabilidade da GRSA. Para isso ele investirá

em logística e treinamento de pessoal

 

De lá, é possível ver o Parque do Ibirapuera, uma das maiores áreas verdes da cidade. Thomson, no entanto, não tem arranjado tempo para apreciar a paisagem. “Dou expediente aqui menos da metade do mês”, diz Thomson, que viaja o Brasil inteiro para acompanhar as operações da companhia. “Quando estou por aqui tenho uma reunião atrás da outra.” Reuniões fazem parte da rotina dos executivos. Mas, no caso de Thomson, é fácil entender porque elas acontecem com tanta frequência. Quando voltou ao Brasil, depois de trabalhar na rede de hotéis Hilton, em Londres, a GRSA era líder do mercado brasileiro de refeições coletivas. Seu faturamento, na época, era o dobro do segundo colocado. 

 

Mais isso mudou. Em setembro do ano passado, o grupo francês Sodexo comprou a brasileira Puras, igualando-se em receita com a GRSA. Desde então, as duas empresas disputam prato a prato para saber quem é a maior companhia de refeições coletivas do Brasil. Não bastasse isso, Thomson assumiu a operação brasileira com uma missão difícil: aumentar a receita líquida de R$ 2,2 bilhões, em 2011, para R$ 5 bilhões, em 2015. Pior: terá de conseguir esse resultado sem fazer aquisições. Para atingir essa meta, a aposta de Thomson é aumentar a atuação em serviços para empresas que operam em locais remotos, a exemplo de mineradoras e petroleiras. “São áreas nas quais, com nossa estrutura, temos condições de crescer 50% ao ano”, afirma o executivo. 

 

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Mar de oportunidades: para crescer em ritmo acelerado, a GRSA aposta

nos serviços para empresas que atuam em regiões remotas,

tais como plataformas de petróleo

 

Uma das mais promissoras é a atuação em plataformas de petróleo em alto-mar, na qual a GRSA pode oferecer, além da alimentação, atividades como hotelaria e até funções administrativas. Atualmente, a companhia tem seu pessoal trabalhando em 16 delas. Até 2014, o objetivo é atender a pelo menos 50, aproveitando-se da onda de exploração da camada do pré-sal tanto pela Petrobras como pelas companhias privadas. “É um prato-cheio para a companhia”, afirma Enzo Donna, sócio da consultoria ECD Food Service, de São Paulo. “Diferentemente das empresas convencionais, os funcionários passam 24 horas na plataforma e costumam realizar até oito refeições diariamente.” 

 

Mas a GRSA não vai deixar de investir no seu ganha-pão: a área de refeições coletivas dentro das empresas. Nessa área, os chefs da companhia servem diariamente 1,5 milhão de refeições em mais de duas mil empresas espalhadas por 400 cidades. O objetivo do executivo é trabalhar para melhorar a retaguarda. No mês em que assumiu a operação local, ele inaugurou um novo centro de distribuição em Belo Horizonte, o terceiro da companhia – os outros dois estão em São Paulo e Macaé, na região da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. Em 18 meses, o plano é ter até dez novas unidades. “Antes o abastecimento dos nossos restaurantes era feito individualmente”, diz o executivo. Com isso, espera crescer 15% ao ano, acima da taxa de 12% estimada para o setor pela Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas. 

 

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