01/06/2005 - 7:00
O canadense George Butterfield, de 66 anos, é dono de uma receita de sucesso no mundo do turismo. No comando da operadora Butterfield & Robinson, uma espécie de butique de viagens glamurosas, ele praticamente criou um nicho inexistente no mercado: o de aventuras com charme. Os ingredientes são um roteiro repleto de paisagens inebriantes, pequenos hotéis com serviços exclusivos, pratos e bebidas requintadas e, o segredo do negócio, tudo isso a bordo de uma bicicleta.
?Quando fundei a empresa, em 1966, era difícil vender os pacotes?, diz Butterfield, que é formado em direito. ?Hoje, com a preocupação em qualidade de vida, ficou mais fácil?. Butterfield ergueu um pequeno império que atualmente fatura US$ 35 milhões por ano e leva quatro mil passageiros para 28 países. Percorrem destinos tradicionais como a região de Borgonha, na França, Santiago de Compostela, na Espanha, e Toscana, na Itália. Há também roteiros exóticos como o Vietnã e até mesmo o Butão. Mas antes que alguém pense em uma viagem de mochileiro sobre uma bicicleta, é melhor prestar atenção nos preços de cada pacote: variam de US$ 3 mil a US$ 10 mil por pessoa.
O valor do roteiro é justificado quando o ciclista de ?primeira viagem? desembarca no destino escolhido. ?Reúne cultura, vinhos, boa comida e você cria um relacionamento com os outros viajantes?, diz o engenheiro Rogério Marins, que já percorreu três destinos. ?Quem vai uma vez não pára mais?. Como ele, mais de 200 brasileiros viajam todos os anos pela empresa. Por isso, Butterfield esteve no País, na semana passada, e mostrou os novos destinos para o público local. ?Em uma viagem de bicicleta, você sente a atmosfera do lugar, aprecia as paisagens e conhece as pessoas?, diz Butterfield. Os grupos são de, no máximo, 24 pessoas. Cada um recebe uma bicicleta a sua escolha. Pode-se optar por um modelo mais robusto ou por aquelas usadas em corridas com pneus mais finos.
Para atender a todos os pedidos, a Butterfield & Robinson tem uma garagem com 1,5 mil bicicletas estacionadas. ?Antes de viajar, o cliente nos passa a altura e o peso para que possamos oferecer a bicicleta ideal?, diz Márcia Lucas, representante da empresa no Brasil. Cada ciclista tem a seu dispor uma mochila com bebida e alimentação. Um guia e um carro de apoio também acompanham o grupo para socorrer em caso de emergência. A média de pedalada diária é de 30 quilômetros. Se o ciclista for profissional, contudo, pode-se estender o trajeto para 50 quilômetros. Não há, é bom frisar, necessidade de todos pedalarem juntos. ?Cada um vai no seu ritmo?, diz Butterfield. Afinal, no caminho pela Borgonha o turista passa por todas as vinícolas apreciando as melhores safras. Não há, portanto, isotônico que ajude a suportar tal delírio etílico.
PEDALADAS LUCRATIVAS
US$ 35 milhões é o faturamento da empresa que transportou
4 mil turistas em 2004