05/12/2014 - 10:00
Normalmente, as melhores ideias para criar empresas vitoriosas vêm da simples rotina de seus criadores. Veja o caso das irmãs gaúchas Monalisa e Jéssica Spier. No começo do ano passado, as duas estavam sobrecarregadas por um grande número de festas para as quais eram convidadas. “Era casamento, batizado, noivado, formatura, eventos que não acabavam mais”, diz Jéssica. “Não dava para comprar um vestido novo para cada ocasião.” Foi desse dilema que surgiu a ideia de criar a Rent-to-Wear, loja eletrônica que aluga vestidos de grifes luxuosas, como Gucci, Dior, Dolce & Gabbana e Hervé Léger, para qualquer parte do País.
O site dispõe de mais de 200 peças para locação e exibe em seu portfólio 33 grifes. Produto de um ano de trabalho, a loja eletrônica ficou pronta em setembro deste ano – e até agora, alugou mais de 100 vestidos, cujos preços variam de R$ 200 a R$ 990. Nada mal para uma empresa que só existe na internet. “No começo, pensamos em abrir uma loja física em Porto Alegre”, diz Monalisa. “Mas, quando coloquei todos os custos no papel, vi que era inviável.” Mesmo assim, a opção online exigiu investimentos. A Rent-to-Wear recebeu um aporte de R$ 300 mil de um investidor-anjo, proveniente do mercado financeiro – além dos R$ 200 mil que Monalisa e Jéssica gastaram no começo, para aumentar o mix de peças na plataforma e estruturar um escritório na capital gaúcha.
Para facilitar a navegabilidade e a experiência do consumidor, o site conta com uma série de filtros para encontrar a peça adequada. A cliente pode buscar por tipo de estilista, de evento ou por tamanho. “Sabíamos que o consumidor teria dificuldade para encontrar o vestido com o tamanho perfeito”, diz Jéssica. “Sempre fica sobrando alguma medida.” Por isso, a plataforma disponibiliza medidas do busto, do quadril, da cintura, da altura e do tamanho das mangas, se for o caso. As duas irmãs se beneficiam da onda de crescimento das compras online no Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, as vendas eletrônicas devem chegar a R$ 39 bilhões neste ano – quantia 25% maior em relação à verificada em 2013.
“É uma taxa de crescimento muito maior do que a do varejo convencional”, diz Alberto Serrentino, sócio-fundador da Varese Retail, consultoria especializada em varejo. A internet, segundo o consultor, tem viabilizado muitos negócios com sua vocação de reverberar a satisfação do cliente nas redes sociais. No entanto, à medida que essas empresas de e-commerce crescem, aumenta também a necessidade de profissionalizar sua gestão. As lojas virtuais, se quiserem crescer, terão que se diferenciar dos seus concorrentes, oferecendo o melhor atendimento e um mix variado de produtos. “As irmãs deverão renovar constantemente seu portfólio”, diz Serrentino.