21/04/2004 - 7:00
A área de mais de 1,7 mil hectares ao norte de Salvador, que era ocupada por uma agricultura de mangaba e côco, serviu para a Odebrecht criar uma mina de ouro. Dona da Fazenda Sauípe, a empresa vem nos últimos anos transformando a região num canteiro de obras milionárias. Primeiro, investiu R$ 340 milhões e construiu um dos maiores complexos hoteleiros da América Latina, a Costa do Sauípe, que abriga cinco bandeiras internacionais, seis pousadas e atrai uma média de 1,8 mil visitantes por dia. No ano passado, concluiu a venda do resort para o Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil. Agora, a Odebrecht parte para a segunda etapa da urbanização da propriedade e injeta R$ 65 milhões em um novo empreendimento: o residencial Casas de Sauípe Grande Laguna, um condomínio de 118 casas de alto luxo. Preço das mansões: de R$ 490 mil a R$ 1,5 milhão, dependendo da escolha de um dos 12 projetos arquitetônicos. Isso sem contar o valor do terreno, que não sai por menos de R$ 90 mil. O feliz proprietário ainda conta com um serviço até então exclusivo a grandes condomínios corporativos das metrópoles brasileiras. Trata-se da modalidade pay-per-use, ou pagamento mediante tarefa, que possibilita ao morador contratar babás, jardineiros e personal trainers, por exemplo. ?É um conceito novo em administrar as casas de veraneio?, diz Ruy Rego, diretor de contratos da Odebrecht Empreendimentos Imobiliários. A obra deverá estar concluída no final de 2006.
O conceito parece ter sido rapidamente assimilado. Ainda em fase de pré-lançamento, mais de 53% das unidades do condomínio já foram vendidas para compradores brasileiros e estrangeiros. Entre os que já bateram o martelo estão Luís Felipe Tavares, presidente da Octagon Koch Tavares e Flora Gil, mulher do ministro da Cultura. Michele Magalhães, nora de ACM, também está interessadíssima no projeto, que além das luxuosas casas inclui um spa, um clube, restaurantes e cafeterias. Os moradores também podem usar a estrutura do vizinho Costa do Sauípe. O resort disponibilizará a área pública como os centros náutico e eqüestre, o campo de golfe e as 15 quadras de tênis. Claro que mediante pagamento, a ser combinado ainda entre as partes. ?É uma sinergia. Não acredito que o condomínio possa nos tirar hóspedes?, diz Alexandre Zubaran, diretor presidente da Costa do Sauípe.
Para atingir o formato ideal do que o condomínio precisava ter em termos de visual, serviços e localização, a Odebrecht realizou uma série de pesquisas com empresárias paulistas, um dos principais alvos das Casas de Sauípe. ?Também vamos oferecer uma central de locação para o morador que quiser alugar sua casa sem se preocupar com a burocracia?, explica Ruy Rego.
As ambições da Odebrecht para a Fazenda Sauípe não param por aí. O plano inicial, desenvolvido ainda na década de 90 por Norberto Odebrecht, apontava para o surgimento de um complexo turístico-imobiliário nos moldes que aconteceu na República Dominicana. Naquele país, as construtoras instalaram primeiro a infra-estrutura dos resorts e, uma vez assegurado o potencial turístico, começaram a criação das haciendas (tradicionais casas de estilo espanhol) e a sua venda ao público internacional. No caso baiano, há pelo menos outros dois empreendimentos imobiliários em estudo. Ambos, condomínios de luxo. ?Mas ainda não temos prazo definido para nenhum dos projetos?, diz Ruy Rego. Há ainda conversas com o Departamento de Aviação Civil (DAC) para construção de um aeroporto e de um heliporto no complexo. O objetivo é facilitar o acesso dos visitantes ao local. E as pretensões da Odebrecht podem até ultrapassar as fronteiras da boa terra. A empreiteira não descarta a possibilidade de comprar propriedades similares em outros Estados brasileiros e criar uma nova Fazenda Sauípe, ou melhor, outro canteiro de obras milionárias.