22/08/2007 - 7:00
O jovem engenheiro Alexandre Souza Lima, de 34 anos, caminha pelas ruas do Jardins, bairro nobre de São Paulo, que abriga as lojas mais badaladas da capital paulista, como se fosse o dono do pedaço. Entre uma passada e outra, ele é parado nas calçadas e recebido com tapete vermelho pelos gerentes de lojas como Cartier, Chocolat du Jour, Fause Haten e Carlos Miele. “Tudo isso é meu”, diz Alexandre. Não que ele seja o dono das grifes. Ele é, na verdade, o construtor delas. No comando da construtora Souza Lima, uma empresa com dez anos de ida de e 44 funcionários, ele se tornou referência no universo do luxo.
Seu apelido no mercado? A “butique das obras”. O sucesso da empresa com as grifes, dizem seus clientes, se esconde nos detalhes. “Ele está sempre de prontidão. É totalmente dedicado ao que faz”, diz Ricardo Mansur, dono do Café de la Musique, casa noturna freqüentada pelos jovens bem-nascidos de São Paulo. O português Carlos Bettencourt, dono dos restaurantes A Bela Sintra e Trindade, vai além. “Às vezes, ele antevê nossas necessidades.”
O que a Souza Lima soube fazer foi identificar e se dedicar a um filão ignorado pelas grandes construtoras. “As grifes buscam soluções personalizadas”, conta Alexandre. “Conosco, por exemplo, a obra é desenvolvida simultaneamente ao projeto, o que economiza tempo.” E tempo é crucial nesse segmento. As grandes grifes costumam alugar locais caros, nos bairros mais nobres, e começam a pagar antes mesmo de a loja estar de pé. Ou seja, querem as obras prontas o mais rápido possível. O restaurante Trindade, de Bettencourt, foi concebido e entregue em apenas 90 dias. “A Souza Lima vende credibilidade”, diz o consultor Raul Corrêa da Silva, da auditoria RCS. “Isso é importante, pois estamos falando de um público que quer delegar o trabalho a um especialista, alguém que não erra. Eles exigem cumprimento do prazo sem abrir mão da qualidade.” Resultado: a empresa cresce 30% ao ano (a média do setor é 5%).
Um olhar cuidadoso nos projetos revela a utilização de uma série de elementos e materiais que, além de viabilizar a entrega no prazo, agregam modernidade, sofisticação e ousadia à arquitetura. Estruturas metálicas, pisos cimentados e madeira batida são simples, mas ganham um aspecto de majestade quando iluminados por luzes coloridas. O preço: de R$ 3 mil a R$ 5 mil o metro quadrado construído, valor médio de obras que requerem acabamento e soluções especiais. A fama da empresa já ultrapassa as fronteiras do País. A Souza Lima foi elogiada pela revista americana Wallpaper, uma das mais importantes do segmento de design no mundo, pelo projeto do restaurante Shimo. Pode parecer uma proeza, mas nada surpreende no empresário que abriu a construtora das grifes com apenas 23 anos.