16/07/2008 - 7:00
MARCAR UM ENCONTRO COM O empresário José Eduardo Sanches, diretor do Grupo Santa Helena, não é uma tarefa fácil. Ou ele está em uma de suas lojas ou está na estrada. E que durante as duas últimas semanas ele realizou diversas reuniões em São Paulo e em Campinas, no interior paulista. A cidade, localizada a 90 quilômetros da capital, virou praticamente sua segunda casa. Lá, Sanches abrirá duas lojas em agosto. Uma delas, a de presentes e decoração da marca Cleusa Presentes, com 500 metros quadrados, ficará no Shopping Iguatemi, e a outra, um ponto-de-venda Espaço Santa Helena, com 700 metros quadrados, será erguida no Galleria Shopping. “Investimos cerca de R$ 4 milhões em cada projeto”, destaca Sanches. “Queremos ter lojas nas principais cidades do interior do Estado de São Paulo.” Os dois novos pontos-de-venda são os primeiros fora da capital. As outras lojas do grupo, dono das marcas Espaço Santa Helena, Cleusa Presentes e Suxxar, estão em São Paulo. Toda a rede é responsável por um faturamento estimado pelo mercado em R$ 120 milhões por ano. “Seremos uma das três principais empresas de presentes do País”, garante.
Para isso, o executivo adotou um plano de expansão ousado. Cada loja possui um perfil diferente. O Espaço Santa Helena vende desde presentes para casa até equipamentos para home theater; a Cleusa é focada em presentes e decoração; e a Suxxar é voltada exclusivamente para a linha de eletrodomésticos e utensílios para cozinha. Na construção de sua principal loja, o Espaço Santa Helena, na rua Oscar Freire, em São Paulo, Sanches injetou R$ 7 milhões. O investimento resultou em uma loja de 1,6 mil metros quadrados, com mais de 20 mil itens, entre cristais, porcelanas, pratarias, acessórios de cozinha, eletrodomésticos e objetos de decoração. “Queremos nos posicionar como uma marca de luxo”, explica o empresário. De olho nesse mercado, ele apostou em produtos exclusivos de grifes como Cacharrel, Valentino, Versace e Christofle, com objetos que chegam a custar até R$ 180 mil. Só para manter o aluguel do espaço, a empresa desembolsa R$ 200 mil por mês. Outro ponto que ganhou a instalação de uma loja Espaço Santa Helena foi o Shopping Bourbon, recentemente inaugurado em São Paulo. Com isso, o empresário pretende abocanhar o mercado de listas de casamento. Hoje, o Grupo Santa Helena é responsável por atender uma média de mais de 1,5 mil listas de presentes para matrimônios por ano. “Esse mercado representa 40% do faturamento do nosso negócio”, contabiliza o empresário. Esse tino comercial está no DNA de Sanches.
Sua família foi dona da loja de material de construção Madeirense, vendida em 2000 por cerca de R$ 300 milhões. Com o resultado da operação, Sanches comprou, em 2002, a marca Cleusa Presentes e investiu R$ 10 milhões na reconstrução da imagem da empresa, que acumulava dívidas de R$ 6 milhões. Após quatro anos, foi às compras novamente e desembolsou R$ 15 milhões na reforma das três lojas de eletrodomésticos Suxxar. Seu perfil profissional não agradou ao mercado. “Ele despreza a concorrência. Certa vez, ele tentou roubar o fornecedor exclusivo de um grande concorrente, mas não conseguiu”, diz um executivo do mercado. “O negócio dele está perdendo o foco com uma variedade de produtos que fogem do mercado de presentes, como, por exemplo, linha branca.”
“QUEREMOS NOS POSICIONAR COMO UMA MARCA DE LUXO” |
Outro ponto que faz algumas pessoas torcerem o nariz para o empresário é o modo como ele administrou a transição da marca Cleusa Presentes para o seu portfólio de negócios. Segundo uma pessoa próxima às negociações, o contrato tinha uma cláusula que determinava que a carismática Cleusa Alves Paula, ex-dona da marca Cleusa, trabalharia no negócio por mais dois anos depois de efetivada a venda. Após a conclusão do processo, Cleusa foi demitida por meio de um bilhete. Apesar da falta de habilidade no trato, Sanches saiu ganhando. “A aquisição da marca Cleusa Presentes impulsionou o negócio”, analisa Ricardo Pastori, dono de uma consultoria especializada em varejo que leva o seu nome.