Durante quase 60 anos a Coquetel, cujo conteúdo inclui as famosas palavras-cruzadas, fez a fama e rendeu muito dinheiro para a Ediouro. A queda do prestígio do chamado segmento de revistas de passatempo ? que passou a enfrentar a concorrência feroz dos videogames e da internet ? colocou a empresa da família Gertum Carneiro diante do seguinte dilema: insistir na fórmula tradicional ou reescrever a própria história, diversificando sua atuação. Ao escolher a segunda opção, a Ediouro não apenas escapou da turbulência que afetou o setor nas décadas de 80 e 90 como também se transformou em uma das maiores editoras brasileiras. No período 1998-2005, a receita mais do que triplicou e deve bater na marca de R$ 180 milhões neste ano. Colaboraram para isso a compra de concorrentes menores (Agir e Nova Fronteira) e a assinatura de acordos operacionais com a Segmento e a Nova Geração. A essa lista acaba de ser adicionada a Thomas Nelson Publishers, dos Estados Unidos, com vendas de US$ 250 milhões. Batizada de Thomas Nelson Brasil, a companhia, cujo controle é dividido com os americanos, será responsável pelo ingresso da Ediouro no lucrativo filão de obras de auto-ajuda e de religião.

Segundo a Câmara Brasileira do Livro, trata-se da sétima categoria em volume de vendas, com cerca de 35 milhões de exemplares produzidos por ano. Além de escritores renomados (como John Maxwell e Billy Graham, sem falar em Bono Vox ? líder da banda irlandesa U2), a direção da Ediouro irá apostar em autores locais. ?Vamos lançar 48 títulos por ano apenas na categoria de auto-ajuda?, conta Luiz Fernando Pedroso, diretor administrativo-financeiro da Ediouro. Para isso, a empresa está ampliando sua capacidade de produção em 40%, com a aquisição de uma nova rotativa, avaliada em US$ 4,8 milhões. Pedroso assumiu o cargo em 1998 dentro do processo de profissionalização da companhia. Chegou com a missão de diversificar as fontes de receita e agregar novos títulos ao portfólio. Foi bem-sucedido. Hoje, é no parque gráfico, situado em Bonsucesso, que são impressas as revistas de O Dia, O Globo e Jornal do Brasil. À linha editorial, praticamente limitada a clássicos da literatura, foram adicionados almanaques e livros baseados em séries de TV (Lost e The OC). Prestes a completar 70 anos, a Ediouro está mais jovem do que nunca.