As redes de estacionamento no Brasil tinham apenas uma funcionalidade até tempos atrás: disponibilizar vagas aos clientes nos estabelecimentos parceiros, como shoppings, aeroportos e hospitais. Mas diante do avanço da mobilidade urbana e do crescimento dos projetos voltados à sustentabilidade as empresas responsáveis por gerenciar esses espaços se viram obrigadas a acompanhar o desenvolvimento do segmento. No caso da Estapar, líder em operações de estacionamento no Brasil, a transformação envolve pacote de serviços por meio do aplicativo Zul+ que incluem de reserva de vaga até a contratação de seguros, como revelou à DINHEIRO o CEO Emílio Sanches. O foco este ano está em ampliar a jornada on-line dos clientes. “Atualmente, 4,5 milhões de pessoas utilizam o Zul+, a nossa plataforma digital. Queremos dobrar esse número”, disse o executivo. “No último trimestre [terceiro do ano passado] 16% da receita de R$ 350 milhões vieram através da jornada digital.”

Com 670 operações em 80 cidades, além de 460 mil vagas sob administração, a companhia planeja implementar série de iniciativas ao longo do ano com a intenção, também, de acelerar a retomada das operações no pós-pandemia.

Apesar de os números referentes ao quarto trimestre do ano passado não terem sido divulgados, a estimativa é por um crescimento de ao menos 20% nos negócios em comparação a 2022, quando a receita líquida atingiu o recorde de R$ 1,1 bilhão. O montante foi superior, inclusive, ao de 2019 (R$ 1 bilhão), antes do advento da Covid. Um alívio para quem viu o faturamento despencar para R$ 649 milhões em 2020, em meio à crise de saúde.

A empresa computou até setembro do ano passado cinco trimestres consecutivos de receita recorde – no terceiro, além do faturamento líquido de R$ 350 milhões, o lucro bruto, de R$ 95,9 milhões, foi o mais alto pelo terceiro trimestre seguido, e o Ebitda, de R$ 65,3 milhões, também foi recorde para terceiro trimestre.

Durante 2023 foram inauguradas 65 operações, marca nunca alcançada, sendo que 18 delas ocorreram entre julho e setembro. Mas há espaço para muito crescimento, segundo o executivo, que tem 13 anos de empresa e assumiu o cargo em dezembro de 2022. “A expectativa para 2024 é muito forte”, disse Sanches.

(Divulgação)

Em termos de volume, a empresa vê a retomada acelerada em setores como hospitais, shoppings, edifícios comerciais e aeroportos. “Estamos apenas 5%, 6% abaixo do que tínhamos antes da pandemia. Em arenas, por exemplo, com muitos eventos e shows sendo realizados, já [a situação] normalizou”, afirmou o executivo. A Estapar atende mensalmente aproximadamente 9 milhões de clientes.

SERVIÇOS

Depois da implantação de postos de carregamento para carros elétricos em muitos ativos, a Estapar intensifica as iniciativas para disponibilizar outros serviços dentro de estacionamentos. A empresa tem fortalecido parcerias para oferecer, por exemplo, locadora de carros e postos de lavagem. Mas o foco maior está na digitalização, em disponibilizar serviços complementares ao motorista.

“A gente adquiriu uma empresa chamada Zul+ e, hoje, todos os clientes Estapar já podem fazer uma reserva de vaga, pagar estacionamento e débitos regulares [IPVA, licenciamento e multa] e contratar seguro por meio da nossa plataforma digital”, disse ele. Outros serviços ficarão disponíveis durante a temporada. “Queremos fechar a cadeia de o cliente estar na Estapar. Fazer também o financiamento ou venda de um carro, marcar uma manutenção.”

PORTFÓLIO

As operações da Estapar incluem a gestão de estacionamentos em diversos segmentos. Além do aeroporto de Viracopos, em Campinas, a companhia atua na administração do estacionamento do Allianz Parque, arena do Palmeiras, e do Shopping Center Norte. “São pelo menos 100 hospitais, 150 edifícios comerciais, 20 universidades, além de arenas [Fonte Nova, em Salvador]”, disse o executivo. “O bom de ter centenas de operações é que eu posso estar em todos os lugares.”

Além disso, a empresa também opera vagas rotativas em 23 cidades, como a Zona Azul de São Paulo, com 54 mil vagas. A concessão começou em 2020 e tem validade por 15 anos. O modelo que envolve ainda cidades como São Bernardo do Campo e Santo André representa 15% da receita anual da Estapar. “Está um pouco abaixo do que nós esperávamos. Mas a gente está avançando devagarzinho.” Parar, no entanto, jamais. Isso é algo restrito apenas aos veículos estacionados nos ativos administrados pela empresa.