29/03/2006 - 7:00
Nunca, na história, uma primeira-dama influenciou os costumes e a moda de toda uma geração como Jacqueline Kennedy (1929-1994). Nos anos Camelot, como os americanos se referem ao tempo em que John Kennedy comandou os EUA, no início da década de 1960, ela inventou a imagem da primeira-dama glamurizada. Desfilou nos corredores do poder com tamanha elegância que conquistou respeito entre os principais líderes do mundo como o francês Charles de Gaulle e o premier Nikita Krushchev, o líder da União Soviética nos tensos anos da Guerra Fria. Mas por trás da elegância de Mrs. Kennedy havia um descendente de russo, nascido em Paris, criado em Milão e radicado em Nova York. Oleg Cassini foi o homem que desenvolveu os elegantes trajes usados por Jackie nos momentos em que ela ocupou a Casa Branca. Teceu, ao lado de Jackie, née Bouvier, de origem francesa, uma dobradinha eterna e, praticamente, criou a profissão de personal stylist. ?Ele fazia os vestidos caírem perfeitos em Jackie?, diz a consultora de moda Costanza Pascolato. ?Sabia o que ela deveria usar em cada ocasião?. No último dia 17 de março, Cassini morreu aos 92 anos de idade. Seu legado é incontestável.
O estilista, visto como um playboy nas altas rodas do jet set internacional, desembarcou em Nova York em 1936. A fama, contudo, chegou um pouco mais tarde quando ele se mudou para Hollywood e fechou contrato com os estúdios Paramount para vestir as principais estrelas do cinema. Musas como Betty Grable, Lana Turner e Ava Gardner trajavam peças criadas por Cassini. O segredo de seu talento, apontam os especialistas, estava na própria elegância que ele conseguia transportar para as roupas femininas. ?Ele tinha um charme alucinante?, diz Costanza. Talvez por isso, Cassini tenha se casado quatro vezes (uma de suas mulheres foi a atriz Gene Tierney), além de ter namorado as beldades mais desejadas de sua época, como Grace Kelly. Cassini também é lembrado como um visionário. Foi um dos primeiros a licenciar sua própria marca para o mundo dos perfumes. ?Ele tinha a capacidade de se antecipar ao desejo dos consumidores?, diz Amnon Armoni, coordenador do MBA de gestão estratégica em moda da FAAP em parceria com o Instituto Brasil Arte e Moda. Os vestidos de Jackie são a prova de que ele esteve à frente de seu tempo.