25/07/2014 - 15:47
A Copa do Mundo do Brasil, realizada pela Fifa entre 12 de junho e 13 de julho, não ficará marcada apenas pelo vexame da Seleção Brasileira, desclassificada pela Alemanha nas semifinais com uma goleada histórica de 7 a 1. Para a Natura, uma das maiores fabricantes de cosméticos do País, o torneio também será lembrado como um péssimo período para os negócios. Os feriados decretados nos dias de jogos da equipe nacional levaram a uma redução de 10% nos dias úteis do segundo trimestre – o que atingiu em cheio as vendas da empresa e seu faturamento.
Segundo Alessandro Carlucci, presidente da Natura, as vendas, nesses dias de folga, corresponderam a um terço das obtidas em um dia útil. “Perdemos de 6 a 7 pontos percentuais de crescimento de receita no período”, disse, em teleconferência com analistas nesta sexta-feira 25, na qual foram discutidos os resultados de abril a junho. A receita líquida consolidada cresceu 5,1%, quando comparada ao mesmo período do ano passado. O desempenho é inferior ao ritmo de dois dígitos que a companhia mantinha desde o terceiro trimestre de 2013. No mercado brasileiro, a freada foi ainda maior. A expansão foi de 1,8%, abaixo do patamar de 9% registrado no quarto trimestre de 2013 e no primeiro trimestre deste ano.
Abaixo do esperado
“Esse foi um trimestre de resultados ruins, abaixo de nossas expectativas e de nossa capacidade”, afirmou Carlucci. “Sofremos a influência do calendário e isso afetou nossa produtividade”. Segundo o executivo, há sinais de recuperação das vendas, no período após a Copa. “Vimos, claramente, uma mudança de patamar nas vendas com o fim do evento”, disse. Outro fator que contribuiu para a aceleração pós-Copa, segundo Carlucci, foi o retorno das aulas nas escolas públicas. “Uma fatia importante das vendas das consultoras é feita nas escolas”.
Para Carlucci, o efeito-calendário não será tão acentuado no segundo semestre. O executivo estima que uma eventual queda de vendas, decorrente desse fator, seja diluída nos resultados da companhia por outros itens, como o reajuste de 4% nos preços, efetuado em junho.
Outro ponto que preocupou os analistas, na teleconferência, foi o aumento da inadimplência. Segundo Roberto Pedote, vice-presidente de Finanças e Relações com Investidores da empresa, o patamar médio de não-pagamento é menor que 2%.Neste trimestre, o executivo afirma que houve uma alta desse nível. “Mas foi menos que um ponto percentual”, disse. “Existe uma tendência externa de inadimplência”, afirmou, em alusão à piora do cenário econômico. Para mitigá-la, a Natura está intensificando a cobrança de consultoras em atraso e revendo sua política de crédito.