28/06/2013 - 21:00
Os impactos dos protestos de rua sobre a economia brasileira ainda não estão devidamente quantificados, mas alguns reflexos já vêm sendo notados em diversos setores. No comércio, por exemplo, vários números apontam para uma queda média no movimento que ultrapassa os 70% da atividade. No entorno do coração nervoso da avenida Paulista, em São Paulo, palco das primeiras e maiores manifestações, os shopping centers indicaram baixa de frequência de 40%. Nos hotéis da região a redução chegou a 30%. O temor de violência e mesmo o de ficar preso em meio às mobilizações vem sim inibindo a demanda com prejuízos para toda a produção. Tal efeito colateral precisa ser considerado, sob risco de colocar a perder muitas das reivindicações que estão sendo buscadas nas ruas.
Em um misto de oportunismo e pouca noção de responsabilidade, algumas centrais sindicais planejam aproveitar a onda para colocar em questão a discussão da pauta trabalhista, pressionando ainda mais as empresas. Querem defender antigas propostas e medidas como a que prevê a carga de 40 horas semanais para todos os trabalhadores e o fim do fator previdenciário. Ao menos 12 outros itens estão entrando na lista de entidades como a CUT e a CGT para a negociação com representantes patronais, dentre eles a correção da tabela do Imposto de Renda pela inflação e mais investimentos na área social. A ameaça de sempre de recorrer às greves está no ar.
Nesse clima de inquietação, o ruído da turba aliado a eventuais paralisações no chão de fábricas, bancos, etc. trará, certamente, consequências nefastas e indevidas para o País que já atravessa um momento de piora de seus indicadores econômicos. Vários investidores internacionais começam a ver com outros olhos o cenário interno. Temem fazer novas apostas e podem, inclusive, travar as linhas de crédito para cá. Como ocorreu em países europeus – em especial na Grécia e Espanha –, uma articulação sindical por greves, interrompendo a produção em meio aos protestos, só agravaria o ambiente de incertezas e afugentaria o capital. O que não é bom para ninguém. Nem para as entidades que pensam nessa alternativa.