Saiu a conta da escabrosa estratégia de governos petistas de criar estatais desnecessárias. E ela é vergonhosa. Soma um rombo de quase R$ 8 bilhões em 13 anos. Dinheiro que deixou de ser aplicado em áreas vitais como saúde e educação para financiar projetos de controle idealizados pelo partido e que atenderam muito mais ao aparelhamento do estado – se transformando em autênticos cabides de emprego – do que a atividade fim para a qual foram concebidos. Tome-se o caso da Empresa Ferroviária de Alta Velocidade S.A. (Etav), fundada para executar as obras de infraestrutura do trem de alta velocidade que ligaria São Paulo, Campinas e Rio de Janeiro. O projeto, evidentemente, como todos sabem, não saiu do papel e a empresa continuou lá, irrelevante, abrigando inúmeros funcionários, gerando prejuízos e partindo para atividades secundárias de logística. Como ela, pelo menos 43 companhias foram montadas em mais de uma década nas gestões de Dilma e Lula. Duas foram abertas e fechadas logo a seguir, com inevitáveis gastos que pesaram fundo no déficit público. 28 delas, não financeiras, são responsáveis pelo buraco. Na sanha de resolver políticas administrativas através da criação de elefantes brancos, os arautos do intervencionismo sem limite, abrigados no PT, atingiram a façanha de superar inclusive os militares no número de corporações estatais. Ao todo, foram 43 empresas lançadas em 13 anos contra 47 nos 21 anos de governo militar. Proporcionalmente, a distância é brutal. O levantamento é do Instituto Teotônio Vilela e explica, em parte, o por que do partido contar com tantos sabugos dependentes de sua benevolência e que não se furtam em apoiar a causa de sua permanência no poder – mesmo com tantos desvios de conduta – em troca de vantagens. A relação simbiótica e daninha a toda Nação veio evoluindo e alcançou seu ápice nos últimos anos de Dilma. As folhas salariais dessas companhias consumiram mais de R$ 5,4 bilhões. Comparativamente, elas já representam quase um terço das 149 empresas estatais da União. Um despropósito. O governo Temer, através de uma política de vendas e concessões dessas estruturas, espera desafogar a salgada fatura da máquina. Terá pela frente (é de se esperar!) o corporativismo estatal que cresceu na mesma proporção em que essa ideologia petista avançou. Mas inevitavelmente, para resgatar a eficiência do setor, alcançar resultados positivos na última linha dos balanços e corrigir os erros de má gestão, terá de enfrentar o problema o quanto antes. Para quem ainda não tinha a real dimensão do estrago que os petistas causaram à máquina federal enquanto controlaram o Executivo, esse estudo é uma excelente pista.

Carlos José Marques, diretor editorial