21/08/2008 - 7:00
O BANQUEIRO DANIEL Dantas, do Opportunity, chegou à CPI dos Grampos, na quarta-feira 13, com um habeas-corpus que lhe dava o direito de se calar. Apesar disso, Dantas falou pelos cotovelos e apresentou sua versão para a Operação Satiagraha, que o levou à prisão, acusado de tentar comprar um delegado. Dantas se disse vítima de uma vendetta do chefe da Agência Brasileira de Inteligência, Paulo Lacerda, que queria há tempos lhe colocar um “par de algemas”. Tudo porque Dantas quer trazer para o Brasil dados de um inquérito italiano que comprovaria que a Telecom Italia teve apoio da Polícia Federal (na gestão Lacerda) numa guerra comercial. O objetivo seria expulsá-lo do comando da Brasil Telecom. A investigação italiana, que levou mais de 20 pessoas à prisão em Roma e Milão, aponta indícios de propinas distribuídas no Brasil e revela que o CD do caso Kroll, objeto da primeira ação da PF contra Dantas, foi produzido pela própria Telecom Italia, parte interessada.
O dono do Opportunity também afirmou que o delegado Protógenes Queiroz, responsável pela Satiagraha, pretendia investigar o filho do presidente Lula, Fábio Luís Lula da Silva, cuja empresa, a Gamecorp, recebeu R$ 10 milhões da Oi. O objetivo seria impedir a criação da “supertele” nacional, que será controlada pelos grupos La Fonte e Andrade Gutierrez. Este projeto conta com apoio explícito do governo federal, mas vem sendo sabotado pelos fundos de pensão.
Na quinta-feira 14, Dantas esteve frente a frente com o juiz Fausto Martin De Sanctis, que decretou sua prisão, mas se calou. No mesmo dia, o professor Hugo Chicaroni, apontado pela PF como representante do Opportunity para negociar favores com o delegado, sinalizou que mudaria sua versão. Em vez de acusar Dantas de oferecer a propina, Chicaroni passou a dizer que foi Protógenes quem pediu o dinheiro. Seu advogado, Alberto Carlos Dias, disse que o professor só não disse isso antes para “zelar por seu amigo, o delegado Protógenes”.