10/12/2003 - 8:00
Desde que a soturna estética nazi-fascista foi substituída pela descontração como modo de vida mediterrânea ? bem retratado por Fellini em La Dolce Vita ? o mundo tem se curvado ao bom gosto italiano. Há seis décadas que vestir-se com roupas de grife da ?peninsula?, conduzir vespas, beber expressos e decorar ambientes com peças requintadas viraram febre na Europa. Agora, as maiores empresas de móveis e iluminação da Itália, que faturam 40 bilhões de euros e exportam 19 bilhões de euros da sua produção, estão arrumando as malas para produzir no Brasil. Trata-se de uma parceria que irá juntar os maiores negócios de design do mundo com a criatividade brasileira. Na segunda-feira 8, a embaixada da Itália em Brasília abre seus salões sociais, totalmente reformados por designers brasileiros com móveis italianos ? uma espécie de show room permanente ?, para mostrar apoio ao projeto. Sentado em um sofá flap branco psicodélico de
15 mil euros e ladeado por três obras de Cândido Portinari, o embaixador italiano Vicenzo Petrone recebeu DINHEIRO para explicar a estratégia. A idéia é produzir no Brasil a um custo bem mais baixo para triplicar as vendas no País. Os brasileiros importaram 19 milhões de euros em produtos de design italiano em 2002. De quebra, a intenção é invadir o mercado norte-americano. A estimativa é que em quatro anos saiam do Brasil com destino aos Estados Unidos nada menos que 1 bilhão de euros em produtos nascidos dessa parceria. ?Vamos juntar nosso design com criatividade brasileira e conquistar um mercado em expansão?, diz Petrone.
A prova de que a parceria pode render bons frutos é a união da fábrica italiana Edra com os irmãos Fernando e Humberto Campana, os mais conceituados designers brasileiros. Juntos eles produziram a ?favela?, uma cadeira feita de restos de madeira que recebe encomendas de diversos países. Em 2002, essa obra de arte que custa 2 mil euros foi responsável por 10% do lucro da empresa.
Aos poucos as empresas estão se instalando no Brasil. Em 2002, a Divani e Divani, líder mundial de sofás em couro, aportou na Bahia com o nome de Euro Divani e já exporta 90% de sua produção para os Estados Unidos. Na semana passada máquinas italianas também começaram a funcionar em Uberlândia, Minas Gerais. Lá a Bravo, um consórcio de 16 empresas, investiu 11 milhões de euros em um pólo moveleiro de alta qualidade. Os planos são faturar U$ 20 milhões no primeiro ano e exportar 50% da produção. Em 2004, será inaugurado em Miami o Centro de Design Terra do Brasil. Esse espaço de mais de 1.000 m2 vai servir para apresentar os produtos fabricados em solo brasileiro, mas com a famosa assinatura ?Made in Italy?. Também em 2004, São Paulo vai abrigar a única filial do Instituto Europeu de Design fora da Europa. Uma boa maneira de mostrar por que colocar o grão de café brasileiro em uma máquina de expresso italiana é a receita do melhor cafezinho do mundo.