21/07/2010 - 21:00
Ele foi o responsável pelo lançamento dos carros da francesa Citroën no Brasil. Comanda uma rede de 53 concessionárias de marcas consagradas como Aston Martin, Jaguar, Ford, Volkswagen e a própria Citroën. Agora, Sergio Habib quer mais. Ele está trazendo para o Brasil a chinesa Jianghuai Automobile Co, ou simplesmente Jac, marca que vendeu 310 mil carros e faturou US$ 3 bilhões em 2009.
“Vamos investir US$ 200 milhões na criação da Jac no Brasil”
Sergio Habib, presidente da Jac no Brasil
Na semana passada, ele anunciou que vai tirar US$ 200 milhões do próprio bolso para pôr seu plano em prática. O investimento é alto e a ambição também. O dinheiro será investido em publicidade e marketing, infraestrutura de venda e assistência técnica. A meta é ter pelo menos 1% de participação de mercado no Brasil ao final do primeiro ano de vendas. A nova marca será apresentada no Salão do Automóvel, em outubro, na cidade de São Paulo.
A comercialização, entretanto, só começa no dia 14 de março de 2011, uma segunda-feira. Nesta data, Habib inaugura, de uma só vez, nada menos que 45 lojas espalhadas por todo o Brasil – 13 delas só em São Paulo. De acordo com o empresário, serão 80 pontos de venda até o final de 2011. “Em dois anos, quero fazer com a Jac o que fiz com a Citroën em 15. Torná-la uma marca desejada pelo consumidor brasileiro”, disse o empresário à DINHEIRO. Trocando em números, Habib quer fechar 2011 com pelo menos 35 mil carros chineses vendidos.
Os investimentos do empresário, que manterá suas concessionárias de outras marcas, englobam também um centro de 15 mil metros quadrados, em Barueri, na Grande São Paulo, onde serão armazenadas as peças de reposição. A assistência técnica, diz ele, será montada junto às concessionárias. Inicialmente, o empresário trará apenas três modelos para o Brasil: o J3, um compacto para concorrer com Palio, Gol e 207, com preço abaixo de R$ 40 mil; o J6, uma minivan, para concorrer com Zafira, Livinia e Picasso, com preço entre R$ 58 mil e R$ 60 mil; e o JC, um sedan para concorrer com Civic e Corola e preço acima de R$ 55 mil. Mas o que faz Sergio Habib acreditar que o consumidor brasileiro vai optar por uma marca chinesa completamente desconhecida em vez de escolher as que já são tradicionais no País? “A China é capaz de produzir com qualidade”, destaca o empresário.
Com preço abaixo de R$ 40 mil, o modelo J3, vai concorrer com o Palio, o Gol e o 207, da Peugeot
Os motores dos carros da Jac, diz Habib, são projetados pela austríaca AVL (“a mesma que fez o 1.8 turbo da Audi”), a suspensão é desenvolvida pela inglesa Lottus e a empresa mantém escritórios de design em Milão e em Tóquio. Habib diz que os Jac terão inovações tecnológicas como diferencial e a ideia é oferecer três anos de garantia aos clientes.
Além disso, o empresário aposta numa forte campanha publicitária para apresentar o novo veículo. A missão de tornar a marca conhecida nacionalmente ficou com a agência de publicidade Ogilvy, que comandará uma verba anual de R$ 60 milhões. “Compramos três veículos no Chile e viemos dirigindo de lá até aqui. Conhecemos o carro como ninguém”, conta luiz Fernando Musa, diretor geral da Ogilvy Mather.
O barulho que a nova marca está fazendo no mercado chamou a atenção de especialistas do setor automobilístico. “É um investimento, no mínimo, arrojado”, diz o consultor André Beer, ex-presidente da Anfavea e executivo da General Motors por 48 anos. Beer acredita que há espaço no mercado brasileiro para novas marcas. “Mas é preciso lembrar que a maior demanda é pelo menor preço e é difícil imaginar um veículo importado, que paga 35% de imposto de importação, concorrendo neste quesito”, diz Beer. “Teremos preços competitivos, assim como temos os carros mais sofisticados”, rebate Sergio Habib. André Beer afirma que a entrada da Jac no Brasil pode marcar o fim da era dos carros coreanos. “Já passamos pela onda dos carros americanos, depois vieram os japoneses e os coreanos. A era dos carros chineses é inevitável e talvez esteja chegando agora.” Falta, contudo, mudar a imagem de bonitinhos, mas ordinários. Alguém duvida?