A diretoria da Portugal Telecom rejeitou a nova proposta da Telefônica por sua metade na controladora da Vivo, operadora de telefonia celular. Mas como o valor da oferta subiu significativamente na terça-feira 1º, de 5,7 bilhões de euros para 6,5 bilhões de euros, a questão será agora decidida pela assembleia de acionistas. Nesse fórum, tudo pode acontecer.

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Em 2007, os gestores do holandês ABN Amro também se opuseram à venda da instituição para um consórcio de três bancos europeus, mas perderam a briga na votação dos investidores. No limite, a emoção fica de lado e o dinheiro sempre fala mais alto. O presidente da Telefônica, César Alierta, conta com isso.

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César Alierta, presidente da Telefônica
 

A assembleia extraordinária deve ocorrer em cinco ou seis semanas. Aqui, a ação ordinária (com direito a voto) da Vivo disparou. Em 30 dias, a alta supera 84%. Foram 23% em sete dias, refletindo a nova investida da Telefônica. No caso das preferenciais, a escalada é de quase 20% desde a primeira oferta de compra. Para muitos analistas de telecomunicações, as chances de o negócio sair aumentaram. A agência de classificação de risco Moody?s afirmou que a Telefônica tem flexibilidade financeira para cumprir com a proposta sem mexer nos compromissos futuros.

Destaque no pregão

Bradesco com novo sotaque

O Bradesco, presidido por Luiz Carlos Trabuco, fechou a compra das operações do banco Ibi no México na quarta-feira 2. A instituição brasileira desembolsou R$ 297,6 milhões para ficar com uma carteira de crédito de R$ 204 milhões e uma base de 1,3 milhão de cartões. Lá, como aqui, o negócio dá acesso aos clientes da rede C&A por 20 anos. ?É uma operação de baixo risco, com 60 lojas e um potencial de 100 milhões de habitantes?, diz Marcelo Noronha, diretor do Bradesco. Marcos Pescarolo, da equipe comercial de cartões do banco, será o responsável pela operação mexicana.
 

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Palavra de analista

A aquisição do Bradesco é relevante do ponto de vista estratégico, segundo a analista Laura Lyra, da Ativa Corretora. Segundo ela, o banco brasileiro poderá aproveitar a operação mexicana para replicar o modelo de negócios utilizado no mercado brasileiro. ?O negócio foi fechado a múltiplos baratos e as sinergias serão importantes para o Bradesco?, diz ela. Com recomendação de compra, o preço-alvo da Ativa é de R$ 41,49 para a ação do banco.

Logística

ALL mais transparente

A América Latina Logística vai ascender ao Novo Mercado, nível máximo de governança corporativa na Bovespa. Na quarta-feira 2, dia do anúncio, as units da ALL chegaram a subir 2,3%, mas fecharam em 0,49%. ?A medida melhora a liquidez e a transparência da companhia?, diz Rosângela Ribeiro, da SLW Corretora. A empresa presidida por Bernardo Hees espera a autorização da Agência Nacional de Transportes Terrestres, que em 31 de maio reviu a obrigação de que concessionárias de transportes terrestres tenham bloco de controle majoritário.
 

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Educação financeira

Onde estão as informações mais interessantes no balanço das empresas? Nas colunas de ativos e passivos? Na última linha das demonstrações de resultado, que traz lucro ou prejuízo líquido? Não necessariamente. Muitos analistas preferem começar a leitura pelas notas explicativas. Elas trazem explicações mais detalhadas de situações específicas retratadas no balanço e podem conter informações valiosas sobre a companhia.

Quem vem lá

Mais ETFs vêm aí

A BM&FBovespa abriu novo leilão para escolher gestores para uma nova etapa de lançamento dos Exchange Trade Funds (ETFs), ou fundos de índice. Negociados em bolsa como se fossem uma ação, os ETFs funcionam como uma cesta do seu índice de origem. Podem ser do Ibovespa ou do mercado financeiro, por exemplo. Atualmente, existem seis fundos de índice geridos pela gigante mundial BlackRock com a marca iShares, dirigida por Daniel Gamba, e outro administrado pelo Itaú Unibanco, o PIBB. A intenção da bolsa é incrementar esse mercado, com mais opções para o investidor, e trazer o gestor brasileiro para esse produto. A americana State Street, rival mundial do BlackRock, pode aproveitar a chance para entrar no Brasil.
 

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Fique de olho: Nos primeiros cinco meses do ano, o volume negociado de ETFs representou 54% dos R$ 4,6 bilhões de 2009.

Touro x urso

Na falta de novas notícias negativas sobre a Europa e diante de indicadores que deixaram o mercado mais otimista nos Estados Unidos, o Ibovespa encontrou espaço para subir 1,6% na semana passada até quarta-feira, véspera do feriado de Corpus Christi. O retorno do investidor estrangeiro ? cuja saída de recursos em maio somou R$ 1,5 bilhão ? é uma das peças fundamentais para a recuperação da bolsa paulista. Nesta semana, eles e os outros agentes estão atentos à reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que decide o rumo da taxa de juros no Brasil na quarta-feira 9. Nos Estados Unidos, saem a balança comercial de abril e o orçamento do Tesouro na quinta-feira 10. O resultado das vendas do varejo sai no dia seguinte (11).

Vedetes da semana

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As 10 mais do Ibovespa

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Micos da semana

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Desempenho das empresas por setor de atividade econômica

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Termômetro do mercado

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Bolsa no mundo

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Personagem

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Anastácio Fernandes Filho, presidente da Kepler

 

A recuperação da Kepler Weber

A crise econômica global atrapalhou os planos da Kepler Weber de retomar o lucro e acelerar o crescimento operacional em 2009. As perspectivas do presidente, Anastácio Fernandes Filho, são a retomada da demanda e uma safra recorde em 2010.

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No primeiro trimestre do ano, a empresa reduziu o prejuízo em 70% em relação ao mesmo período de 2009, mas o resultado ainda ficou negativo em R$ 2,2 milhões. A empresa atua na área de armazenamento de grãos e tem capacidade de 180 mil toneladas. O executivo falou com a DINHEIRO:
  
DINHEIRO ? Quais são as perspectivas para 2010?
ANASTÁCIO FERNANDES ?
Os resultados do primeiro trimestre mostram que estamos em um ano forte. O ano passado foi muito difícil. A prioridade dos segmentos da economia foi preservar o caixa. Tivemos que sacrificar margens. Demitimos. Este ano, já estamos aumentando o quadro de pessoal. O Brasil pós-crise tem condição bem mais sólida, nossos clientes estão mais confiantes. Além da demanda firme, que ficou represada no ano passado, a perspectiva para 2010 é de uma safra recorde.

DINHEIRO ? O sr. espera retomada do lucro em 2010?
FERNANDES ?
Sim. Estamos trabalhando para isso. A perspectiva é de bons resultados.
 
DINHEIRO ? Ainda falta espaço para o armazenamento de grãos no Brasil?
FERNANDES ?
Sim. Dados da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) mostram que há um déficit de armazenagem de 20 milhões de toneladas. Se não houver novos investimentos, esse número só vai aumentar.  

DINHEIRO ? Quanto a empresa vai investir em 2010?
FERNANDES ?
Cerca de R$ 20 milhões. O capital será usado na melhoria de processos e em tecnologia da informação.

DINHEIRO ? Há espaço para consolidação do setor?
FERNANDES ?
Estamos na posição de liderança, com mais de 50% de participação. Se eu dissesse que já está consolidado, estaria exagerando. Pensamos em alguma consolidação, mas não temos nada em andamento.

DINHEIRO ? Como avalia o desempenho da ação da companhia na bolsa?
FERNANDES ?
Na reestruturação feita em 2007, fizemos um aumento de capital e as ações foram subscritas a R$ 0,30. De lá para cá, a ação tem variado muito e com liquidez muito alta. Chegou a bater em R$ 0,70. Os acionistas controladores, Banco do Brasil e Previ, estão firmes na sua posição. Mas a empresa tem o capital muito pulverizado.

 

Pelo mundo

Não culpem a Moody?s

O megainvestidor e presidente da Berkshire Hathaway, Warren Buffett, afirmou na quarta-feira 2 à Comissão de Inquérito sobre a Crise Financeira, em Washington, que a Moody?s e as outras agências de avaliação de risco cometeram os mesmos erros de outros agentes do mercado durante a crise. O comitê investiga como ativos podres, embalados em produtos de crédito estruturado, receberam ratings elevados. Naquele dia, as ações da Moody?s subiram 3,11%. 
 

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Demissões na HP

As ações da HP, fabricante de computadores, recuaram 0,93% na terça-feira 1 em Nova York, dia em que a companhia anunciou investimentos de US$ 1 bilhão na automação do centro de dados. Como resultado, a HP espera eliminar cerca de nove mil cargos, ao longo dos anos, para reinvestir no crescimento.    

O custo do vazamento

Os investidores da BP PLC estão apreensivos quanto ao vazamento de petróleo no Golfo do México. Tanto é que as ações da companhia recuaram 15% em Wall Street, na terça-feira 1º. A onda de vendas desde o anúncio do desastre, em abril, reduziu o valor de mercado da companhia presidida por Tony Hayward em US$ 60 bilhões.
 

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