Mudanças de foco parecem fazer parte da história da Mundial, fabricante de tesouras, alicates e botões, com sede em Caxias do Sul, na Serra Gaúcha. A empresa, que faturou R$ 322 milhões em 2010 e exporta seus produtos para mais de 70 países, nasceu há 115 anos fabricando lamparinas. Depois passou a produzir equipamentos para equitação, produtos sacro-religiosos, como crucifixos e cálices,  e até alça para caixões. Em 2009, a Mundial surpreendeu o mercado ao adquirir a fabricante de esmaltes Impala,  de Guarulhos (SP), de  um ramo totalmente distinto do seu. 

 

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Aposta na moda ”O salão de beleza é o nosso quintal”,

diz Michael Ceitlin, presidente da Mundial

 

“Muitas pessoas me questionaram a razão desta aquisição”, afirmou à DINHEIRO Michael Lenn Ceitlin, presidente da Mundial. “Eu respondi que o nosso DNA sempre foi fashion.”

 

No final do ano passado, a companhia voltou a causar surpresa. A fabricante brasileira, que nunca lidou diretamente com o consumidor final, abriu seis quiosques em shopping centers dos Estados Unidos para vender sua linha de produtos para mãos e pés. 

 

Dessa forma, passa a atuar pela primeira vez como varejista. “É uma estratégia ousada”, diz Ceitlin. Para alguns especialistas, é mais do que isso. É arriscada. “É complexo passar a operar em um segmento no qual não se tem experiência”, afirma Adir Ribeiro, sócio-diretor da consultoria especializada em varejo Praxis. 

 

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Apesar das advertências, Ceitlin está convencido de que a estratégia é criativa e a forma mais rápida e barata de fortalecer suas marcas no mercado americano. Foram investidos cerca de US$ 300 mil na instalação dos seis quiosques. 

 

Todos estão localizados em pontos considerados nobres do sul da Flórida. A ideia é integrar a variada linha de produtos da empresa, que vai de alicates de unha a esmaltes, em um único conceito, que chegaria em solo americano sob o título de “Brazilian nails style” (unhas ao estilo brasileiro). 

 

Os produtos da Mundial também têm preços acessíveis às diversas classes sociais: vão de US$ 1, no caso dos esmaltes,  a cerca de US$ 25, para alicates. “O esmalte é o cosmético mais democrático que existe”, diz Ceitlin, que prevê crescimento de 25% nas receitas da Mundial em 2011, com as vendas dos produtos para manicure e pedicure. “O salão de beleza é hoje o nosso quintal.”