17/08/2005 - 7:00
O mercado de previdência privada deu um suspiro de alívio. Depois de amargar no começo deste ano a primeira queda nas vendas da sua história, os produtos de investimento para aposentadoria voltaram a registrar crescimento em junho. Dados divulgados na semana passada mostram que a captação subiu 20% em relação a maio, totalizando R$ 1,6 bilhão. A maioria dos bancos, no entanto, ainda está longe de respirar tranqüila. Afinal, a retomada da expansão também reforçou a concentração dos negócios nas mãos do Bradesco. Sozinho o maior banco privado brasileiro ficou com 34% das novas contribuições ao sistema, abrindo uma vantagem confortável em relação aos principais concorrentes. O Itaú, segundo colocado, abocanhou 19% dos novos planos. E a BrasilPrev, do Banco do Brasil, ficou na terceira posição, com 12%. O restante das instituições limitou-se a participações que variam de 1% a 8%.
O domínio do Bradesco é ainda mais evidente entre os planos do tipo VGBL (Vida Gerador de Benefícios Livres), responsáveis por esses primeiros sinais de retomada dos negócios na previdência privada. Do total das novas aplicações, o VGBL respondeu por R$ 964,8 milhões, tornando-se o preferido dos investidores de previdência, com uma fatia de 54% do total das reservas. Nesse segmento, o Bradesco respondeu por 40% dos planos vendidos no período, contra 26% do Itaú e 7% da BrasilPrev. Para consolidar-se nessa posição, o Bradesco adotou uma estratégia arriscada. Nos primeiros meses deste ano, quando as novas regras de tributação entraram em vigor causando confusão e afastando os investidores, o Bradesco praticamente suspendeu as vendas e investiu na montagem de um call center para tirar dúvidas dos investidores.
Assim que o governo estendeu o prazo de migração para os novos planos de julho para dezembro, o Bradesco partiu para os lançamentos. ?Muitos bancos, à essa altura, ainda estavam começando a fase de esclarecimento das regras para os clientes?, lembra Marco Antônio Rossi, presidente da Bradesco Vida e Previdência. Nos últimos três meses, a instituição pôs na prateleira três novos produtos de previdência: um VGBL só para brasileiros que moram no Japão e dois novos planos do modelo de renda garantida ? no qual é estipulado um valor fixo para a correção do benefício que será pago no futuro. Lançamentos em um momento delicado para o mercado são privilégio de quem está há mais tempo no segmento ? desde 1994. ?Entramos com alguns anos de atraso nesse setor?, admite Eduardo Bom Angelo,
da BrasilPrev. ?O pioneiro teve a vantagem de ter mais tempo para acumular reservas.?