27/09/2006 - 7:00
Um dos principais nomes do mercado imobiliário paulista, o uruguaio Elbio Fernández Mera conta uma história que ilustra bem o modo de pensar e agir de um grande empreendedor. Há 20 anos, quando pisou pela primeira vez em Tamboré, um dos maiores complexos residenciais e comerciais de São Paulo, ouviu a seguinte afirmação de Arthur Castilho de Ulhôa Rodrigues, idealizador do projeto: ?Esta é a terra mais valorizada do entorno da maior metrópole brasileira.? Mera, decidido a provocar Rodrigues, retrucou: ?Todo pai acha que tem filho loiro de olho azul.? Após percorrerem juntos parte dos seis milhões de metros quadrados do terreno, situado a 15 minutos da avenida Faria Lima, uma das principais vias da capital paulista, Mera se rendeu. ?Ele tinha razão. Não há nenhum local tão arborizado, tão próximo do centro e com tanta facilidade de acesso como Tamboré?, diz Mera. Do encontro de Rodrigues e Mera nasceu uma grande amizade e uma parceria de sucesso. Hoje, duas décadas depois, o Grupo Tamboré deve encerrar o ano com mais R$ 50 milhões em caixa. Da parte da Fernández Mera Negócios Imobiliários, foram 3,8 mil imóveis e lotes comercializados no bairro durante esse período. Nos últimos cinco anos, a valorização dos imóveis subiu até 60%. E os lançamentos continuam. Vem aí o Tamboré 11, um dos mais modernos e luxuosos empreendimentos do grupo, inspirado nas construções da região de Provence, na França. O Tamboré 11 consumiu investimentos de R$ 30 milhões e será lançado no mês que vem. São 411 lotes disponíveis para quem estiver disposto a pagar até R$ 10 milhões por uma casa.
Aos 71 anos, Rodrigues já não está mais no comando dos negócios. Em 1986, ele passou o bastão para o filho Fábio Penteado de Ulhôa Rodrigues. Descendente, por parte de mãe, da família quatrocentona Álvares Penteado, Ulhôa Rodrigues se divertiu muito durante a infância nas terras que estão com o clã desde os tempos da monarquia. ?A minha família era de nobres, ninguém estava acostumado a trabalhar. Por isso meu avô materno tinha tanto orgulho do meu pai, que tomou a frente dos negócios?, conta Ulhôa Rodrigues. O herdeiro de Tamboré aprendeu logo a arregaçar as mangas para dar seqüência ao trabalho do pai. ?Tenho amor por Tamboré, vi os primeiros tratores chegarem, a primeira terraplanagem ser feita no local?, lembra.
Em suas mãos, o complexo urbanístico continua com o mesmo fôlego. A nova aposta do grupo, o Tamboré 11, vai juntar-se a uma dezenas de núcleos residenciais, um centro empresarial, um shopping com 200 lojas e a previsão é receber um milhão de visitantes por mês, restaurantes, rede bancária, colégios, universidades e assistência médica. Isso sem contar os 3,5 milhões de metros quadrados de mata natural, o sonho de consumo de dez entre dez paulistanos que vivem sufocados numa cidade cheia de concreto. Viver lá, porém, é privilégio de poucos. Um apartamento de 80 metros quadrados não sai por menos de R$ 200 mil e os casarões com dois mil metros quadrados de área construída podem chegar a R$ 10 milhões. Fora o condomínio, que gira em torno de R$ 700 para as casas e R$ 400 para os apartamentos. Em compensação, a tranqüilidade é garantida: são cerca de 60 seguranças por condomínio. A idéia de morar no campo, a poucos minutos da cidade grande, não nasceu com Tamboré. O empreendimento foi inspirado no vizinho Alphaville (Barueri), criado há 33 anos pela construtora Albuquerque Takaoka. Preocupado com invasões em seu terreno, o pai de Ulhôa Rodrigues pediu ajuda ao amigo Renato Albuquerque para urbanizar Tamboré. A amizade dos dois viabilizou projetos comuns em questões de saneamento, abertura de ruas e avenidas, entre outras demandas que surgem de uma população hoje formada por 35 mil moradores e outra, flutuante, de 170 mil pessoas. O filho Ulhôa Rodrigues, entre uma partida de golfe e outra, tem ainda muito a fazer em Tamboré. ?Temos área suficiente para levantar três novos conjuntos residenciais?, prevê. Os nobres da família Ulhôa Rodrigues estão trabalhando como nunca.